Radiohead em São Paulo
Assim que ouvi Ok computer pela primeira vez, acredito que por volta de agosto de 1997, tomei um susto tão grande que decidi dividir a experiência com meu padrasto. Fã de Kraftwerk e de Pink Floyd (cresci ouvindo sinos em volume máximo), provavelmente ele entenderia aquilo tudo melhor que eu. Lembro até hoje a reação desejeitada daquele homem grisalho, já turrão e (às vezes terrivelmente) cético: depois de um longo período de silêncio, o Mr. Sisudez se deu por satisfeito lá pela quinta ou sexta faixa. “É impressionante”, ele observou, quase cientificamente. “Se eu tivesse a sua idade, ouviria sem cansar.”
Ficamos nisso. Acredito que, depois daquela impressão animadora, meu padrasto nunca voltou a um disco do Radiohead. Como se, incapaz de acompanhar o galope de uma geração por ele desconhecida, preferisse manter distância das estranhas (e talvez maravilhosas) novidades cultuadas por meninos de 14 anos de idade. Como se dissesse: “ok, Tiago, agora você sabe o que sinto quando ouço The dark side of the moon.”
Duvido que me padrasto tenha assistido aos trechos do show de sábado em São Paulo, exibido na tevê por assinatura. Não o interessa. Posso dizer sem margem de erro: foi retrato de uma geração. A minha geração.
Provavelmente ele teria gostado do que vi (que, para mim, não vale menos que 10/10). A sensibilidade musical do meu padrasto, apesar de excessivamente seletiva (cinco ou seis bandas são o suficiente para mapear toda uma existência), foi moldada por um rock inventivo e atmosférico, ambicioso e monumental. Anos antes de Ok computer, mostrei a ele Nevermind e tudo o que recebi em troco foi um “tsc, o ser humano é um projeto que não deu certo”.
O show do Radiohead é ambicioso e monumental como eram os álbuns de rock progressivo dos anos 70. Mas também é catártico, emotivo e atormentado como o pós-punk do final daquela década. Há como identificar essa mão-dupla de referências em cada um dos álbuns da banda. Em Ok computer. Em Kid A (ainda que rarefeita). Em In rainbows (ainda que coberta por um bafo quente de soul music). Mas, no palco, essa equação se faz visível, reluzente, pulsando diante dos nossos olhos (deslumbrados, talvez cansados, talvez incomodados ou frustrados, mas hipnotizados).
É nosso reflexo. A imagem de quem viveu os anos 90 e seguiu se transformando até chegar aqui, no final da primeira década do século 21. Radiohead é, de certa forma, nossa história (minha e dos outros que o adotaram como trilha sonora para a adolescência). E, de outra forma, a história muito precisa de um período de transformações fundamentais para a música pop. Intencionalmente ou não, os ingleses refletiram o furor grunge (no hit Creep), a desilusão do fim de século (em Ok computer) e a fragmentação do pop via web (Kid A foi o primeiro grande filho do Napster) até antecipar a morte da indústria fonográfica (em In rainbows, distribuído de graça, independente de verdade).
A discografia do Radiohead pode sim ser encarada como um tratado para um mundo em transe. Você ouve Ok computer, por exemplo, e entende a crise econômica. Sério.
No palco, a banda tenta resumir essa ópera sem soar didática ou acomodada (a liberdade de criação é a bandeira que eles continuam levantando). Trata-se de um desafio e tanto. Dois dias antes, assisti a um show do Iron Maiden e tudo o que os velhos metaleiros conseguem (dignamente, para os padrões do metal; nada contra) é enfileirar canções conhecidas da forma mais plana possível, com um ou outro cenário engraçadinho – o que 90% das bandas praticam desde os anos 60. O show do Radiohead vai bastante além desse formato-padrão. É um espetáculo mais intrincado.
Assisti ao show com uma amiga que não conhecia nada além de In rainbows. No final da apresentação, virei-me para ela e disse: “Você acabou de ouvir tudo o que precisa saber sobre a banda. Isto é Radiohead.” Pouco depois, ouvi reclamações de fãs que queriam ter cantarolado hits de The bends. Mas faria algum sentido? A jornada do Radiohead não tem volta. Entendi muito bem que Creep, escondida lá no terceiro bis, era uma faixa bônus que, apesar de agradar aos fãs (e foi uma apoteose), destoa bastante da fase em que a banda se encontra.
A banda se jogou tão decididamente na própria aventura que muitos dos fãs ficaram pelo caminho. Natural. Conheço que deteste Kid A. Também sei dos que desprezam hits como High and dry. O show abraçou essas duas facetas, mas resgatadas a partir dos climas quase transcendentais de In rainbows (a iluminação é, por si só, obra-prima: engolida por tubos de luz, a banda toca literalmente dentro de um arco-íris). Uma banda na trilha do sublime.
Mais que isso: uma banda madura. Quem dera se toda maturidade soasse assim. O rigor técnico aliado à interpretação emotiva, a pompa de superprodução afinada à elegância do conceito (até as cores do telão, em meios-tons, impressionavam pelo detalhismo, pela finesse). Os sets que mudam a cada concerto, mas são sempre executados de forma impecável. Improvisos calculados, mas que soam vivos, doídos, frágeis. Thom Yorke é o Kurt Cobain que cresceu, entendeu os mecanismos da música pop e venceu o monstro sem desligar-se da angústia (e viver neste mundo continua difícil, com ou sem maturidade). Hoje, não há band leader que o supere.
O show de São Paulo oscilou do folk mais cru (a emocionante Faust arp, com dois violões e ponto final) à eletrônica mais cerebral (a geleira chamada Idioteque) – e cobriu uma série de etapas intermediárias entre um extremo e outro. As canções menos virulentas acabaram se destacando – com momentos arrasadores como Karma police, Fake plastic trees, Exit music (for a film) e Pyramid song -, interrompidas vez ou outra por espasmos de ruído (Bodysnatchers, The national anthem). Síntese do show e da carreira da banda, Paranoid android foi reconstituída com fidelidade absoluta – e agarrada pelo público, que fez coro, prolongou os versos, não quis soltar. Sete minutos que passaram como sete segundos.
No total, ficamos perplexos por cerca de 2h20. Pareceu pouco. Eu ficaria ali, de pé, apertado pela multidão, talvez de cabeça para baixo, por mais quatro horas (ouvir Lucky e Climbing up the walls assim, no susto, é de provocar parada respiratória). O golpe de misericórdia veio no final do segundo bis, com uma versão acelerada para Everything in its right place: as luzes vomitavam os versos da canção mais surrealista da banda, enquanto Thom Yorke ia desaparecendo lentamente.
Sabemos tudo o que precisamos saber sobre o Radiohead. O resto é mistério.
Em tempo 1: O mundo não acabou, mas a saída da Chácara do Jockey parecia uma cena de Fim dos tempos. Uma massa de gente, empurrada sabe-se lá para onde. “Parece até Eu sou a lenda“, uma amiga comentou. Nesse exato momento, por uma coincidência absurda, quase tropeçamos adivinha em quem? Alice Braga! Bastante simpática, aliás.
Em tempo 2: Os shows de abertura foram prejudicados pelo volume do som (que, no Radiohead, estava excelente). Los Hermanos fez um retorno correto (7/10), privilegiando lados B e faixas do Bloco do eu sozinho. O público estava tão animado que a banda soou mais alegre que de costume (e Rodrigo Amarante, mesmo aparentemente rouco, deu até pulinhos). O Kraftwerk (6/10) penou para se adaptar à arena, com um telão que mal ocupava metade do espaço destinado ao palco do Radiohead. O show é excelente, um dos melhores que vi na minha vida, mas se dá melhor em espaços menores, com som alto. Foi um aperitivo.
Em tempo 3: Depois de duas horas e meia tentando pegar um táxi (quase apelei para a estratégia de deitar no asfalto e me fazer de cadáver), vi a cor de um sanduíche de frango às 3h da matina. Acordei às 7h para pegar o voo e cá estou eu, um zumbi em pessoa. Morto mas feliz.
março 23, 2009 às 10:19 pm
Belo texto.
Melhores momentos foram o público levando o verso de Paranoid Android com o Thom comprando a brincadeira e Idioteque, que quase colocou tudo abaixo. Melhor show que já vi, sem dúvida.
março 23, 2009 às 10:25 pm
Também foi o melhor que já vi.
março 23, 2009 às 10:49 pm
Aqui no Rio a Catarse não foi menos, er… apoteótica. Aliás, parece até que o Radiohead escolheu cada setlit de propósito, alinhado com o espírito das duas cidades. É impressionante como eles tiveram a sensibilidade de tocar as músicas mais fluídas e melódicas no Rio e as mais confusas e angustiantes em São Paulo. Fiquei com inveja dos paulistas por terem presenciado Pyramid Song e Talk Show Host, mas é como eu li por aí: tudo é do jeito deles, não do nosso. Eu aceitei a catarse.
março 23, 2009 às 10:51 pm
Excelente texto, Tiago. Sobre o show, só faltou How to Disappear para ficar ainda melhor. Mas é do jogo. Com “só” 26 músicas, sempre muita coisa boa vai ficar de fora (eu trocaria umas do in rainbows por outras de discos anteriores).
E se arrependeu de não ter ido ao do Rio? Eu também…
março 23, 2009 às 10:55 pm
Eu não gosto do “Amnesiac”, mas gostei do que fizeram com as músicas do disco ao vivo.
O palco é mesmo muito elegante, foi a primeira coisa que pensei quando vi. E tem coisa mais legal que Thom Yorke brincando com a câmera em “You and Whose Army”?
Comecei a chorar com os tambores de “There There” e só fui parar em “Exit Music”, para respeitar o silêncio das outras 29.999 pessoas.
março 23, 2009 às 10:58 pm
Genial texto Tiago,
Karma police e Fake plastic trees foram de arrepiar a alma, acho que o futuro da música inglesa e quiçá mundial está nas mãos de Thom Yorke.
março 23, 2009 às 11:11 pm
Filipe, senti falta de Just e No surprises, mas só por terem tocado Exit music, Climbing up the walls e Lucky, já valeu.
Arruda, me arrependi bastante de não ter ido ao Rio.
‘You and whose army’ foi um dos momentos favoritos aqui, Diego, esqueci de colocar no meu texto. A explosão de ‘There there’ também. E as pessoas pedindo silêncio em ‘Exit music’ foi impagável.
Letícia, realmente ‘Fake plastic trees’ foi de arrasar.
março 23, 2009 às 11:12 pm
Ótimo texto.
Realmente foi um show memoravel. Eu não estava esperando tudo aquilo. O melhor da minha vida facilmente!
março 23, 2009 às 11:14 pm
Texto brilhante!!! Retratou perfeitamente o que foi o show de ontem e o que é a banda!
março 23, 2009 às 11:15 pm
(Tiagão, joguei o link do texto no Twitter e a Flávia, aí de cima, retwittou; ISSO AQUI VAI BOMBAR)
março 23, 2009 às 11:24 pm
Muito bom o texto mesmo. Morei na Inglaterra em 1995, ano do lançamento de The Bends. Foi no primeiro semestre e lembro perfeitamente do primeiro single: My Iron Lung.
Lembro de ver Thom Yorke andando pelas ruas de Oxford e lembro de uma banda que desde então já sabia muito bem o que queria…
março 23, 2009 às 11:31 pm
Eu sou tão obcecada que dificilmente conseguiria achar algum defeito no show. Qualquer texto que eu escrevesse ia ser pura babação de ovo… foi perfeito demais! Sempre achei que eles eram bons ao vivo de tanto baixar bootleg e asssitir DVD’s e baixar os videos dos shows… mas a realidade é que é BEM melhor do que eu imaginava, eles são ainda bem melhores ao vivo que o mehor que eu imaginava, eles são tão perfeitos que até quando eles erram uma letra ou uma nota a musica soa linda.
março 23, 2009 às 11:44 pm
Puts, Diego… Vamos ver no que dá, hehe.
Valeu, Flávia. Obrigado.
Gziller, eu lembro do ‘My iron lung’ rolando na MTV daqui. Clipe ao vivo e tal.
Raquel, também sofro disso aí que você sofre. Qualquer texto meu sobre a banda é pura babação de ovo, haha.
março 24, 2009 às 12:06 am
“Thom Yorke é o Kurt Cobain que cresceu” pensei exatamente isso qndo via ele alucinado no palco, me lembrava muito o kurt!! O thom é fofo demais, da vontade de pegar no colo!! haha
AInda to em extase. E o Krafwerk? Que que foi aquilo????
março 24, 2009 às 12:08 am
*kraftwerk
março 24, 2009 às 12:40 am
Texto acerca do show:
Meu texto que segue pode, de fato, parecer histérico e inútil – mas, para mim, é necessário escrevê-lo.
A obra de arte mais contundente que já vi aconteceu no dia vinte de março de dois mil e nove. Nesse dia, pude presenciar uma forma de arte integral; o concerto do Radiohead que assisti consistiu na junção de som, de luz, de fúria: de sentimento.
O público, embalado pela iluminação ofegante e repleta de convulsões e pela hipnose rítmica proporcionada pela banda, estava em condição de arrebatamento, em êxtase. Canções como “There There” e “Paranoid Android” ultrapassaram a barreira da música: superaram-se. Digo “superaram-se” pois, uma vez que elas já possuíam o status de obras-primas da fonografia, ao vivo elas alcançaram outro patamar – um patamar que não sei bem definir qual é e que, mesmo que definisse, não seria a definição mais apropriada. Em “Paranoid Android”, por exemplo, o trecho “ Rain Down; Rain Down; From the great heights”, cantado pelos fãs em tamanha sintonia com a banda e com os canhões de luz, tornou-se um mar: molhou a passarela do samba e desaguou na apoteose. Nesses instantes, podia-se sentir a chuva caindo.
Como se percebe, a chuva é alegórica. Todavia, ao final do show, encontrava-me realmente encharcado. Não apenas minha camisa era repleta de água: suor. Minha alma também havia sido lavada. Os gritos, os ecos, as vozes, as faíscas haviam comungado tão profundamente que minha voz desapareceu, cãibras surgiram e demônio algum conseguiu permanecer em mim – confirmando, portanto, a potência física e espiritual da noite.
março 24, 2009 às 1:16 am
Fala Tiago!
Putz, mas você terá que me desculpar o aparte:
Também achava Thom Yorke o “Kurt Cobain que deu certo”. Mas a experiência de ter visto os dois ao vivo, em mais de um show cada, deixou bem claro para mim o abismo insuperável que existe entre essas duas almas.
Kurt Cobain era um diamante bruto em carne viva, Thom Yorke é uma pedra lapidada pela tecnologia. Enquanto um Cobain era translúcido, diáfano, Thom Yorke é difuso e muitas das vezes, inescrutável. abs
março 24, 2009 às 1:43 am
[…] edit: pra quem se interessar, a melhor resenha que li até agora -> click click […]
março 24, 2009 às 1:48 am
Não acho que o Yorke seja pedra lapidada, mas ok. Não quis dizer que ele era o “Kurt Cobain que deu certo”, até por razões óbvias: o Cobain nem teve tempo para experimentar esse processo longo que o Yorke experimentou.
março 24, 2009 às 1:53 am
E só deixando claro que ‘Nevermind’ é meu disco favorito dos 90, então eu realmente não estava pensando em diminuir o Cobain. São duas figuras bem diferentes, mas com traços em comum (o Cobain e o Yorke têm essa marca da agonia, em resumo). O que eu vejo é que o Yorke, que conseguiu sobreviver ao confronto com a indústria de disco, levou adiante uma tensão que existia na época com o Cobain. Enfim. Foi só uma comparação, não tenho a intenção de dizer quem é o melhor, quem funcionou etc.
março 24, 2009 às 2:32 am
Eu lá pronto para escrever algo sobre o show no roadrunner e o Tiago me deixa sem texto hehe. O show foi mesmo histórico.
Minha comparação cinematografica na saida foi com o Guerra dos Mundos do Spielberg. Consegui o taxi as 2:55. Agora não tinha como ter marcado o vôo para as 9h não? hehe Tu disputas com o Guilherme que estava na faculdade apresentando trabalho com menos de duas horas de sono hehe
março 24, 2009 às 2:41 am
Putz, man!
Sei lá, acho que ele teve tempo de experimentar, sim. Apenas não quis prosseguir no processo de se reinventar, afinal sua arte era bastante embasada em seus traumas e recalques. Yorke esconde o que existe de comum nesse quesito em analogias não-muito inteligíveis, enquanto KC é cruelmente explícito.
Yorke sobreviveu ao confronto da indústria porque pegou a onda em um momento mais propício ou facilitado. Cobain pegou o esplendor da era CD, o melhor de Yorke rola no ocaso desse mesmo panorama.
Sinceramente, acho que sem Cobain, Yorke seria um pouco diferente – provavelmente menos popular.
A própria desigualdade na comparação fica clara quando se pega um “In Utero” (meu disco preferido do Nirvana) com aquela BOSTA ENORME e inexpressiva que é o “Pablo Honey”.
E como “The Bends” também não lá tão expressivo assim, reitero veemente que a “genialidade” de Thom Yorke foi construída com o passar dos anos com o aval da mídia e dos “entendidos no assunto”.
E quem dera o “Meeting People Is Easy” fosse vomitado pelo KC. Certamente seria muito mais impactante, tendo em vista as personalidades distintas. E a comparação vale até mesmo quanto à questão “rock americano tosco versus rock inglês impassível”.
abs
março 24, 2009 às 2:57 am
Olá, Tiago!
(Texto ótimo, como sempre!)
Acho que a experiência catártica que transparece em suas palavras pode ser lida e sentida na emoção que foi o show no Rio, ao qual pude ir (à parte as peculiaridades de cada apresentação e as diferenças nos setlist, claro).
Acho que isso é possível porque Radiohead é Radiohead no Rio ou em Sampa. A preocupação com a sonoridade impecável e com o visual marcante é a mesma. Sim, SP teve “Fake Plastic Trees” e “Exit Music (for a film)”, por exemplo; mas RJ teve “Just” e “No Surprises”. Ainda que o setlist do Rio e o de Sampa fossem aglutinados num único show, ficaria faltando “essa” ou “aquela” música.
No final das contas, está a sorte de quem pôde testemunhar o momento mágico de ver e ouvir Radiohead ao vivo, seja apenas em SP, seja apenas no Rio, seja em ambos.
março 24, 2009 às 3:52 am
Tiago,
Excelente texto. Só ressalto que Radiohead não é apenas a banda da sua geração – que era adolescente quando eles surgiram – mas também é uma das bandas da minha, junto com Nirvana, com New Order e Depeche Mode e até, por que não?, com Joy Division. Radiohead é de todas as gerações que, de Kraftwerk para cá, apaixonam-se por aqueles poucos que revolucionam a música.
março 24, 2009 às 4:42 am
Acho que vc não sabe nada sobre a crise econômica. Sério.
março 24, 2009 às 11:28 am
Filipe, não tinha. Qualquer voo um pouco mais tarde saía duas, três vezes mais caro. Também pensei em ‘Guerra dos mundos’… E acho que ouvi de alguém a ideia de tirar um revólver e tomar um táxi a força.
Strato, você vai comparar ‘In utero’, o terceiro disco do Nirvana (lançado depois do impacto do Nevermind, que no caso deveria ser comparado a Ok computer) com o PRIMEIRO do Radiohead (que a própria banda não gosta tanto assim)? Não dá, né. E não sei se o Cobain se daria bem no “ocaso do panorama”. Não podemos ficar prevendo. O fato é que o Yorke conseguiu, muito elegantemente. Cobain é mais explícito? Sim, é. Só que o desespero de ‘Paranoid android’, por exemplo, pra mim tá bastante claro. E, sem querer polemizar, versos como ‘I’m trapped inside this body and I can’t get out’ (ou algo do gênero), de ‘In rainbows’, poderiam sim ter sido escritos por Cobain.
Thaís, inveja de você. Eu queria mesmo ter visto esse show do Rio.
Alerib, sim, concordo, eu particularizei demais o assunto. Mas é isso aí: conheço um sujeito que passou a adolescência inteira ouvindo Iron Maiden, que acaba dizendo mais sobre as experiências dele que o Radiohead.
Claudio: e alguém sabe? Esse é o ponto. Sério.
Já que esse post tá dando pano pra manga, e os fãs do Iron Maiden ainda nem se manifestaram, vou deixar pra escrever um próximo só em 2010. Abraços.
março 24, 2009 às 12:45 pm
Muito obrigado Tiago, de longe o seu texto, foi o que melhor contextualizou o refinamento estético da obra do Radiohead e o encanto ( raro) provocado em todos que acompanharam o show em São Paulo.
março 24, 2009 às 12:53 pm
Olha, ainda bem que ninguém me pediu para ficar calado em Exit Music… fala sério!
Fora isso, sem palavras sobre a noite….
março 24, 2009 às 1:06 pm
Tantas palavras, e no fim, memórias de sensações…
março 24, 2009 às 1:20 pm
Tiago, vc falou tudo. Foi realmente o melhor show que vi. Pena que o local não foi à altura do espetáculo, mas valeu a experiência.
março 24, 2009 às 1:38 pm
Jonas, Sânia, valeu, obrigado. O local, realmente, foi uma escolha péssima.
Iuri, eu estava começaaaando a cantar Exit music e quase meteram o dedo na minha cara. João Gilberto perde.
março 24, 2009 às 4:16 pm
[…] pessoas que comentaram os shows: superoito , crítica construtiva , lixeira sobre Radiohead , lixeira sobre Kraftwerk , rthibes , jade gola , […]
março 24, 2009 às 4:20 pm
[…] nome não é superoito: Radiohead em São Paulo “O rigor técnico aliado à interpretação emotiva, a pompa de superprodução afinada à […]
março 24, 2009 às 5:35 pm
De tudo, o que mais mexeu comigo foi uma música que nem de longe é minha preferida. Climbing Up The Walls matou a pau! Impressionante a energia que tomou conta do povo (pelo menos de quem estava perto de mim). E as inserções de uma rádio tosca brasileira foram bem engraçadas
março 24, 2009 às 6:29 pm
Tiago, comparei porque foram lançados na mesma época. Talvez você seja moço demais para lembrar disso… Por isso, claro que dá, pois estava mencionando a únicas interseção temporal possível entre as bandas. Por isso, é claro que dá pra comparar, rapaz! A não ser que você não queira admitir a irrelevância do Radiohead naquela época.
Mas vc não teria como saber se KC se daria bem no ocaso que o Radiohead soube aproveitar por uma mera questão de esperteza nerd e oportunidade. No entanto, não dá pra ignorar a “influência do fantasma Nirvana” em “Pablo Honey… A não ser que vc seja do tipo que não consegue ver as pessoas que admira como meros mortais…
Cara, o Cobain tb era hermético, mas se você for contar no lápis, vai ver que o Thom Yorke é muito mais enrustido do que o pai biológico da Frances Feijão. abs
março 24, 2009 às 6:35 pm
Strato, tanto vejo a influência do grunge no som do primeiro disco do Radiohead que escrevi isso no texto. Sexto parágrafo.
“Mera questão de esperteza nerd e oportunidade”? Ok. Opinião é opinião. Mas acho injusto comparar o primeiro disco do Radiohead, bastante imaturo, com o terceiro do Nirvana – só pq foram lançados na mesma época. Era isso que eu estava falando.
Depois do ‘Nevermind’, o Nirvana reagiu à superexposição com ‘In utero’. Depois de ‘Ok computer’, o Radiohead foi parar em ‘Kid A’. Aí podemos comparar (e cara, eu era muito moço na época do Pablo honey, mas nem tanto. Comprei o disco com muito receio, mas comprei).
março 24, 2009 às 8:09 pm
Brother, vc disse que acha injusto comparar o primeiro do Radiohead com o terceiro do Nirvana mas, embora a “genialidade” de ambos tenha sido construída via mídia, o Nirvana era uma banda musicalmente muito melhor resolvida em seu início que o Radiohead dos primórdios. E a mesma comparação vale para seus respectivos compositores.
É só pegar as milhares de demos do Nirvana, muitas versões embrionárias já tinham a faísca que justificou posteriormente todo o auê em cima da banda. As do Radiohead mostram uma banda se descobrindo aos poucos.
E olha que eu nem considero o “Pablo Honey” influenciado pelo grunge, pois a meu ver continha elementos diluídos do que se consolidou no mercado de rock mainstream da época, o que levava a banda ao terceiro escalão do execrável britpop dos anos 90.
Eu só vim a gostar mesmo do Radiohead no “Kid A” e meu preferido é o “Hail to the Thief”, que mostra uma banda plena em seu potencial criativo equilibrada em fatores como integridade artística, engajamento político, inovação, variedade e outros quesitos.
Sinceramente, acho que a bola do Radiohead vai murchar um pouco com o próximo lançamento da banda em disco. Eles próprios já descartaram uma repetição da estratégia de “In Rainbows”, então provavelmente devem seguir algum curso contrário que ainda não está muito claro.
Sei lá, posso até estar errado, mas acho que todo o auê em torno do “ato político” no lançamento de “In Rainbows” desfocou bastante a atenção de todos quanto aos méritos musicais da banda atualmente.
Essa foi a conclusão que cheguei nos shows. abs
março 24, 2009 às 8:33 pm
“Sinceramente, acho que a bola do Radiohead vai murchar um pouco com o próximo lançamento da banda em disco”
Puts. Espera a banda lançar o disco pra falar.
Se os caras já surpreenderam todo mundo umas três vezes (Ok Computer, Kid A, In Rainbows), por que não mais uma?
março 24, 2009 às 8:36 pm
Nisso eu concordo: o Nirvana começou melhor que o Radiohead. Mas estávamos falando nisso?
Já eu gosto bastante de ‘In rainbows’ e não acho que seja um álbum superestimado. Enfim. Vamos aguardar o próximo disco deles.
março 24, 2009 às 8:37 pm
Surpreenderam quatro vezes, Diego. Na época pré-The Bends, muita gente achava isso que o Strato acha: que eles ocupavam o terceiro escalão do britpop.
março 24, 2009 às 9:15 pm
Oi Tiago,
melhor texto o seu. Especialmente pra alguém da geração entre o teu padrasto e tu. Resisti à musica deles, mas estou completamente tomada.
março 24, 2009 às 9:15 pm
Oi Tiago,
melhor texto o seu. Especialmente pra alguém da geração entre o teu padrasto e tu. Resisti à musica deles, mas estou completamente tomada.
março 24, 2009 às 9:19 pm
Obrigado, Tati.
março 25, 2009 às 12:41 am
Acho que o britpop passa bem longe do execrável.
março 25, 2009 às 2:16 am
…venceu o monstro sem desligar-se da angústia…
muito bom ler o seu texto =]
março 25, 2009 às 3:10 am
Bacana o relato.
Seu texto foi bem enriquecido pelo fato de ter visto o show do Iron também. Talvez não exista outro brasileiro (com olhar crítico sobre a música) que tenha feito isso.
A tese do “show da nossa geração” faz sentido. Tenho ouvido muita gente dizendo isso.
O show de domingo fechou dois verões: o de 2009 e o de quem anda na casa dos 30 anos.
Voltarei ao seu blog. Abraço.
março 25, 2009 às 3:14 pm
Conheci o Radiohead apenas ano passado, tentando descobrir quem era o dono da voz que cantou três músicas no filme Velvet Goldmine (era o Thom Yorke, no conjunto imaginário Venus in Furs – vc viu?). Daí pra frente foi amor à primeira audição e, embora tardiamente, a sensação foi muito parecida com o q vc descreveu, na verdade acho que consegui entender a proposta deles. E olha que eu ouvi o DSOTM pouco após ser lançado e o Man Machine no ano do seu lançamento, em 78. Quanto ao show, propriamente, foi para mim o que acho que tem que ser um show, música, livros: uma viagem emocionante!
março 25, 2009 às 3:48 pm
Pilon, concordo.
Fernanda, obrigado.
Hmilen, pois é, acabei assistindo aos dois shows. Foi uma experiência interessante, no mínimo.
Frederico, assisti ao show com um grupo de amigos. Uma amiga só conhecia In rainbows e, depois do show, parece que também viciou na banda.
março 25, 2009 às 4:27 pm
O que foram aquelas duas horas e vinte de show no domingo? Eu ainda não superei, o show ainda não me saiu da cabeça. Irretocável!
Tb senti falta de No Surprises
março 25, 2009 às 5:01 pm
Eu senti falta de Airbag. Mas só dessa mesmo.
março 25, 2009 às 5:25 pm
E o post bombou.
março 25, 2009 às 6:15 pm
Vou te contratar pra ser meu assessor de imprensa, Diegão! hehehe. Isso que é ter CONTATOS.
março 26, 2009 às 12:44 am
Lindo show, sem mais.
março 26, 2009 às 12:50 am
[…] escrever algo detalhado sobre o show de domingo, mas o Tiago chegou na minha frente. De qualquer forma, foi uma noite histórica seja como espetáculo, seja com […]
março 26, 2009 às 2:35 pm
Pois é, agora que eu sei tudo o que precisava saber sobre o Radiohead senti um vazio. Precisava saber disto antes do show. E precisava de mais uns dois shows para me satisfazer. Já pensou ficarmos confinados ali, nós e o Radiohead, em um cenário “Eu sou a lenda” pela eternidade? Não ia ter zumbi que estragasse a história!
março 26, 2009 às 2:51 pm
Aí ia ser bom, Na. Haha.
março 28, 2009 às 3:32 am
[…] vez, não me sinto culpado por utilizar tantos superlativos. (Para uma análise aprofundada, clique aqui. Para uma crítica contundente à organização porca do festival, […]
março 28, 2009 às 7:11 pm
Cara,texto muito bom…curti.
Incrivel esse show.Na minha opinião o set de Sampa foi melhor q o do Rio. Pra mim faltaram musicas como 2+2+5 ,Just e No surprises.
Climbing up the walls foi demais.Surpreendente,nao esperava q o repertorio fosse diferenciar muito.
Meu,eu não suporto Kraftwerk. Aos q adoram e veneram,minhas desculpas mas achei uma merda.
Achei monotono,extenenuante. Mas nao vou criticar pq isso é um problema meu. Aos q gostam deve ter sido uma experiencia maravilhosa.
E viva a catarse coletiva no show do radiohead.
março 29, 2009 às 1:01 pm
Valeu, Débil Mental.
janeiro 7, 2010 às 8:15 pm
Cacete.
Enquanto lia, voltei ao show. Rapaz… Pra mim, ainda é impossível de se narrar. E, por incrível que pareça, nem é a todo mundo que saio bradando que FUI A UM SHOW DO RADIOHEAD. É uma coisa tão minha, tão pessoal… Tão foda! Eu, sinceramente, achei que ia ser diferente. Achei que, ao final do show, ia querer tatuar na testa: FUI AO SHOW DO RADIOHEAD. kkkkkkk Doido, né?
Eu ainda não tinha crescido quando o Kurt Cobain morreu. Então, não tive a chance de ver o Nirvana ao vivo. Quando o The Smashing Pumpkins veio pra cá também não tive $condições$ de ir. Agora, com o Radiohead a história foi outra. Não tinha quem me freasse…
Foi perfeito.
Amei o texto.
Ahh.. E a saída do Jockey foi hilária. Achei que ia deixar meus pés por lá…
Por fim, tem coisa melhor que ver Radiohead e ganhar Kraftwerk de brinde?
P.S: Na volta, não consegui táxi. Voltei para o hotel ANDANDO. Depois de mais de duas horas de show e daquela saída a-noite-dos-mortos-vivos, ainda tive que andar durante quase meia hora.
outubro 27, 2011 às 2:56 pm
sou fã de Nirvana, Radiohead e Pearl Jam….Nevermind, não sai de minha mente….sou um “ser humano que deu errado” ?
puta merda…..