It’s blitz! | Yeah Yeah Yeahs
Aos que até agora não entenderam que o Yeah Yeah Yeahs é uma banda pop, It’s blitz! encerrará o assunto de uma vez por todas. O álbum serve como uma explicação didática, em amarelo fosforescente e gel cor-de-rosa, de que Karen O sempre esteve mais para Debbie Harry que para alguma das meninas do Sleater-Kinney.
O que nunca me pareceu um problema – até agora. Em Show your bones (2006), o trio saiu do casulo indie-punk para se remodelar como uma banda de arena, colorida e vibrante, numa reviravolta auto-irônica que me lembrou a fase Celebrity skin do Hole. Uma jogada que decepcionou muita gente, mas que me pareceu uma forma digna de escapar de alguns clichês que dominavam o rock nova-iorquino do início da década.
It’s blitz! acrescenta neon e sintetizadores ao figurino do disco anterior. Soa como uma versão remixada de canções que já conhecíamos. Pior que isso: um passo para trás. Já que o grupo se contenta com uma pegada indie-dance que nos leva de volta ao electroclash de Miss Kittin, a House of jealous lovers, do Rapture e ao primeiro álbum do LCD Soundsystem. Ou seja: a 2002, ou um pouco antes disso.
Ao contrário do Franz Ferdinand, o Yeah Yeah Yeahs veste o modelito dançante dos pés à cabeça. Pelo menos não fugiram da raia. O álbum inteiro, com produção corretinha de Dave Sitek (TV on the Radio), tem climas de dance musica setentista, ora saltitante (Heads will roll e Zero, os dois melhores momentos), ora um tanto dark (Skeletons).
Joy Division é uma das influências declaradas. Donna Summer é outra. Ambas são tratadas de forma rasa, com doses moderadas de angústia ou catarse, na linha inofensiva do remix que o The Killers gravou para Shadowplay. E as letras são qualquer nota (e tem gente interpretando Zero como uma canção sobre soldados em guerra, mas também pode ser sobre qualquer outra coisa).
Mais que nunca, o Yeah Yeah Yeahs soa como uma banda fashion, de grife – daquelas que se adaptam confortavelmente às cores da estação. Trocar guitarras por sintetizadores (pobre Nick Zinner) pode ser uma boa sacada. Convidar Tunde Adebimpe para fazer backing vocals também. No caso, porém, faltou timing. Tanto que, aposto dez reais, o álbum será comparado ao pop camaleônico (e unidimensional) do MGMT.
Em Show your bones, o trio brincou com os artifícios do pop. It’s blitz! é o próprio artifício. Uma bala de festim, uma decepção.
Terceiro álbum do Yeah Yeah Yeahs. 10 faixas, com produção de Dave Sitek e Nick Launay. Interscope Records. 5/10
fevereiro 26, 2009 às 4:55 pm
Puts, passe longe do novo do MSTRKRFT então
fevereiro 26, 2009 às 4:58 pm
Não consigo passar longe dessas coisas, haha.
fevereiro 27, 2009 às 2:26 pm
Tô ouvindo aqui e tá meio decepcionante mesmo.
junho 20, 2010 às 12:42 am
errado, errado, errado.
junho 20, 2010 às 12:43 am
(o texto)