Dia: fevereiro 23, 2009
E o Oscar foi para…
… aquele filme lá. Vocês sabem qual.
Nada contra a delegação indiana, mas toda essa ideia de que Quem quer ser um milionário? aponta para uma temporada bollywoodiana em Hollywood soa um tanto quanto precipitada. Já tem gente dizendo que a performance do filme contaria a favor do cinema brasileiro, o que é uma grande bobagem (a menos que Boyle decida fazer um filme sobre um menino da Rocinha que se inscreve no Big Brother Brasil e sei lá o que).
Acima dessas divagações, foi uma noite dominada pelos britânicos, que venceram em mais categorias que os americanos (nove contra oito). O donos da casa, aliás, só levaram dois prêmios importantes: melhor ator e roteiro adaptado, ambos por Milk. Heath Ledger era australiano, Penélope Cruz é espanhola, o documentarista é britânico, A.R. Rahman é (um mala) indiano e dois japoneses saíram com estatuetas.
Isto é: na era do Obama, que venham os estrangeiros.
Como eu previa (eu e a torcida do Heath Ledger), foi uma cerimônia cheia de obviedades, com consagração de Kate Winslet e uma banana para Mickey Rourke (eu mesmo participei de um bolão e apostei em Sean Penn). O filme estrangeiro foi a única surpresa da noite, mas vai que é uma bomba? (O Rubens Ewald Filho a-mou, o que só pode ser um péssimo sinal).
Não me impressionei com a mudança de formato do show, talvez por não ter conseguido assistir decentemente à premiação. Posso afirmar com toda a certeza que ouvi o Oscar, já que não consegui escrever duas matérias, fazer uma cobertura em tempo real da entrega de estatuetas e, simultaneamente a isso tudo, ver o programa na íntegra. Ossos do ofício.
Mas testemunhei alguns desastres. Os números musicais de Hugh Jackman, que pareciam extras do DVD de Moulin Rouge. Os clipezinhos com trechos de sucessos de bilheteria (ao som de Coldplay e do Hives – este foi um Oscar para os netos dos integrantes da Academia, perceba). A participação do elenco de High school musical. E o desfile das escolas de samba, quando não aguentei o clima de seriado teen e decidi mudar rapidamente de canal.
Bons momentos? Os estrangeiros, maltratando o inglês a cada discurso de agradecimento (o que, para mim, soou como uma espécie de doce vingança). Sean Penn, em estado de graça. E o clipezinho do Seth Rogen com James Franco, que tinha lá algum tom de incorreção política que faltou ao script ameno de Hugh Jackman.
Parecia Bollywood. Ok. Mas ano que vem voltamos à programação normal, tá?