E o Oscar vai para…
… Quem quer ser um milionário, né? Compartilho do desânimo daqueles que tiraram o feriadão carnavalesco para se frustrar com o filmezinho de Danny Boyle. Depois de um ano assombrado pelas imagens de uma América no beco sem saída (Onde os fracos não têm vez + Sangue negro = os piores índices de audiência desde 1974), a Academia resolveu apostar numa edição feelgood. Hugh Jackman apresenta. E, se bobear, também canta e sapateia.
Eu espero por uma cerimônia das mais óbvias (e torço até por uma vitória surpreendente de Benjamin Button, que espantaria o marasmo). Os integrantes da Academia estão dormindo o sono da apatia profunda e não nos resta nada além de ficar resmungando. “Por que não colocaram O lutador entre os melhores filmes, por que O leitor não foi parar na grade do Hallmark Channel, por que Peter Gabriel não se aposenta, tralala”, etc.
Inspirado no post do Sérgio Alpendre, decidi imaginar o meu Oscar 2009 perfeito. Como diria o samba enredo, sonhar não custa nada. A lista (altamente improvável) de vencedores ficou assim:
Melhor filme
Milk, é lógico. Está longe dos melhores filmes de Gus Van Sant, mas dá uma aula para os outros indicados. Além do que, pensando em termos de espetáculo, a vitória do longa representaria um retrato muito mais interessante da América esperançosa de Barack Obama que uma fábula pop inglesa rodada na Índia. Certo? A menos que a ideia seja valorizar uma renovada política externa. E Oscar é política. Aí já viu.
Melhor diretor
Gus Van Sant. Por Paranoid Park. Tá, não se pode ter tudo. Mas ele nem tem concorrência, no caso. Van Sant é um cineasta. Os outros ainda estão tentando. Quer dizer: o Fincher pode concorrer por Zodíaco?
Melhor ator
Mickey Rourke. Respeito a performance de Sean Penn, mas Rourke corta a própria carne para interpretar… ele mesmo. Ou alguém muito parecido com ele. De qualquer forma, um trabalho extraordinário, à prova dos comentários do Rubens Ewald Filho.
Melhor atriz
Nem vi o filme, mas aposto que Melissa Leo faz bem melhor que as interpretações superestimadas de Kate Winslet (soterrada em maquiagem) e Meryl Streep (que parece ter levado ao pé da letra o papel da freira do quinto dos infernos). Anne Hathaway vai bem, e pelo menos nos lembra que o filme do Jonathan Demme (que não é um pastiche de Festa de família) não merecia ter sido esnobado dessa forma.
Melhor ator coadjuvante
Adivinha? Até eu, que não estou entre os fãs de O cavaleiro das trevas, ficarei na torcida por Heath Ledger. Por uma questão de justiça, já que a derrota por O segredo de Brokeback Mountain ainda está engasgada aqui. E Michael Shannon, o que fazes aqui?
Melhor atriz coadjuvante
Dúvidas, eu tenho muuuuitas dúvidas. A minha favorita, Marisa Tomei, é a que tem menos chances. Mas, mesmo nesse caso, não é uma grande atuação (já se falarmos em Antes que o diabo saiba que você está morto…). Eu não me espantaria com uma vitória da Viola Davis. Ou da Penélope Cruz, pelos poderes do marketing.
Nas outras categorias, espero que O leitor não leve a melhor fotografia. E que Hellboy 2 seja lembrado de alguma maneira, nem que pela maquiagem. E que as performances das canções indicadas durem menos de um minuto: são todas um saquinho, com ou sem M.I.A.
fevereiro 22, 2009 às 8:21 pm
(que não é um pastiche de Festa de família)
hahahahaha
fevereiro 22, 2009 às 11:21 pm
“Dúvidas, eu tenho muuuuitas dúvidas”
hahahaha boa essa…
De resto, acho que concordo quase integralmente com o que vc escreveu.
Abs.
fevereiro 22, 2009 às 11:33 pm
Puts, essa comparação com Festa de família me parece tão superficial que não consegui ficar quieto, hehehe.
fevereiro 23, 2009 às 1:18 am
Grande texto. Muito divertido.
fevereiro 23, 2009 às 3:07 am
A comparação com Festa de Familia é uma estupidez enorme, mas aquela coisa mesmo gente inteligente volta e meia fica com muita preguiça em filmes que não lhe interessam.
fevereiro 23, 2009 às 5:54 am
japoneses + broken english fizeram a noite.
achei incrível a vitória do curta de animação casa dos cubos, algo assim. belo, belo filme.
fevereiro 23, 2009 às 6:50 pm
Quem quer ser um milionário está muito longe de ter merecido um oscar de melhor filme, ainda mais ter ganhado 8 oscars. Puro exagero.
Mas mesmo assim acho que ficou bem melhor do que Benjamim Button (Forrest Gump 2), que para mim é uma tragédia.
Poxa, como torci para Rourke. No fim não fiquei tão triste, já que Pean também merecia. Alguém me explica a falta de Che e Benicio Del Toro?
fevereiro 23, 2009 às 10:03 pm
Benjamin Button, coitado, ficou só com 3 prêmios técnicos.