Dia: fevereiro 18, 2009

Jason Isbell and the 400 Unit

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jasonisbellcapaUma confissão: ainda não consigo ouvir o disco novo do Bruce Spirngsteen do início ao fim. Sempre paro lá na quinta música e troco pelo álbum do Jason Isbell.

Não são discos equivalentes, ainda que tratem de uma América esperançosa, em reconstrução (nos dois casos, Obama assinaria embaixo). Mas o escopo épico almejado por Springsteen soa como um rascunho bagunçado perto de tudo o que Isbell alcança – e sem drama ou esforço.

Quando deixou o Drive-By Truckers, em 2007, Isbell lançou um álbum de southern rock com aquela típica aparência de projeto solo: Sirens of the ditch expandia o repertório (blues, pop, soul) e ainda assim sugeria intimismo, informalidade. O novo disco dá um passo largo para frente – é um álbum de banda, ambicioso quando alia versos pessoais com narrativas sobre um país em transição.

Por isso mesmo, acaba dialogando com o mais recente do Drive-By Truckers, o excelente Brighter than creation’s dark. São discos povoados por personagens fascinantes, comr conflitos (pequenos e grandes) que renderiam belos contos. Também são álbuns que conjugam gêneros caros da música norte-americana no tempo presente, sem excesso de nostalgia.

É claro que, perto deste média-metragem de Isbell, o disco do Drive-By Truckers ganha a aparência de um longa de três horas de duração. As primeiras impressões podem prejudicar o disco de Isbell, que explora influências de country rock e de blues com um leve acento dark. Pode parecer um formato convencional demais, muito afinado ao alt.country de bandas como Wilco e Whiskeytown.

É e não é. Nos limites do gênero, Isbell explora praticamente de tudo. Good é uma faixa acelerada, com guitarras altas e versos sobre um personagem incapaz de praticar a bondade. Logo depois, Cigarettes and wine é um lamento amoroso de seis minutos de duração, que se arrasta lindamente como uma daquelas canções de dor-de-cotovelo que o My Morning Jacket não grava mais. Dois extremos.

A faixa seguinte é o hino que Mr. Springsteen gostaria de ter gravado em 2009: However long exorciza a longa noite para celebrar o raiar do dia. É comovente, mas a melhor canção do álbum já passou. Em Sunstroke, Isbell vê a América dos soldados em guerra e daqueles que os esperam. Em alguns trechos, porém, parece falar sobre as próprias frustrações: “Onde está sua obra-prima?”, canta, atormentado pelas cobranças alheias.

Na segunda metade, o disco (dividido por uma faixa instrumental chamada Coda), ganha um tom mais ameno, de baladas competentes (ainda que nada extraordinárias) como The blue e Streetlights (e Choice in the matter tem até um quê de John Lennon). O furacão se foi, mas o talento de Isbell para a composição segura a barra. 

Nada que supere o impacto das primeiras faixas. Mas é aí que, na monumental The last song I will write, Isbell confirma a grandiosidade de um dos discos políticos mais afetuosos que ouviremos este ano.

Era mais ou menos o que Bruce Spirngsteen procurava, não era?

Segundo álbum de Jason Isbell. 11 faixas, com produção de Jason Isbell e Matt Pence. Lightning Rod Records. 8/10

2 ou 3 parágrafos | Sexta-feira 13

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sextafeira131

Até eu, um sujeito que não sofre tantas crises de nostalgia, senti saudades das chulices que Jason Voorhees cometia nos anos 80. Talvez esta nova geração não saiba (e me sinto adulto escrevendo isso), mas a série original sempre passou como um produto abaixo da crítica, invariavelmente tosco, apelativo e fiel a padrões risíveis de qualidade técnica. Daí que sim, concordo, este novo Sexta-feira 13 (4/10) é o mais “arrumadinho” de todos. Qual é a graça mesmo?

Perto desta versão clean para os três primeiros episódios da série (a mãe de Jason, coitada, só aparece nos primeiros minutos), até gozações como Jason X e Freddy vs. Jason me fazem mais feliz. 

A culpa é provavelmente de Michael Bay (culpem-no por todos os problemas do mundo, eu deixo). Ou então trata-se de pura coincidência, já que a atmosfera de anúncio de xampu (repare nos cabelos esvoaçantes das atrizes) é exatamente igual à do remake de O massacre da serra elétrica, que o homem também produziu. Me acordem quando Wes Craven retornar ao metiê, ok?