2 ou 3 parágrafos | Operação Valquíria
Um amigo meu diz que, só de ver a imagem de um Tom Cruise de tapa-olho no trailer de Operação Valquíria (4.5/10), prende o riso. Pois tenho certeza de que, se Bryan Singer tivesse filmado esta trama com as liberdades de quem narra uma adaptação de quadrinhos, o resultado teria saído completamente infiel aos “fatos reais” e infinitamente mais solto e fluente que isto aqui.
É o projeto mais sisudo da carreira de Singer, e aquele em que discursa frontalmente sobre um tema que explorou com mais sutileza em O aprendiz e X-Men: os traumas do nazismo. Talvez fascinado pelo personagem principal – um oficial que lidera uma conspiração contra Hitler -, o diretor mantém este herói numa redoma enquanto narra em detalhes as situações que teriam levado ao fracasso de um plano bastante engenhoso. Nos momentos mais enfadonhos, lembra Munique, outro thriller em que o relato da ação conta mais que a reflexão em si.
Não vejo em Singer um diretor incapaz de conduzir uma narrativa clássica e controlada – só acontece que os aspectos mais curiosos do longa nunca se resolvem: como transformar uma celebridade de Hollywood num oficial alemão? Como aliar entretenimento e resgate histórico? Nas mãos de Paul Verhoeven, teria sido um estouro.