Dia: fevereiro 6, 2009
Nothing to worry about | Peter Bjorn and John
No clipe de Peter Bjorn and John (que estão prestes a lançar novo álbum, Living thing), uma gangue de skatistas topetudos ameaça invadir a pista, arruinar a lei do silêncio, assustar os poodles da praça e molestar meninas inocentes. Dá até medo, mas… eu juro que já vi essa coreografia num vídeo da fase tonta da Britney Spears. Certeza que o Spike Jonze não está por trás disso?
Superoito express (II)
Mais disquinhos em saudáveis pílulas de suposta sabedoria (e prometo escrever algo sobre o novo do Junior Boys assim que eu conseguir entender o que eles decidiram fazer da pobre vida deles – não está fácil para mim, não está fácil para eles).
It’s not me, it’s you | Lily Allen | 4.5 | Sem estofo psicológico (ou preparo físico, ou vergonha na cara, ou DNA) para virar uma nova Amy Winehouse, Lily Allen se contenta em assistir, da arquibancada VIP, ao espetáculo grotesco do pop. Pobre menina rica. Produzido por Greg Kurstin (The Bird and the Bee), o disco troca a leveza quase boba de Alright, still (2006) por um modelito que deveria sugerir maturidade, mas acaba soando estranhamente trivial. Os versinhos rancorosos divertem até o momento em que se nota que a nova pose de Allen – a estrela chamuscada pelos holofotes da indústria – é o clichê número 1 do mundo pop (e a música mais agradável, olhalá, elogia o serviço de delivery de comida chinesa).
Grrr… | Bishop Allen | 5.5 | O duo nova-iorquino participa dos filmes de Andrew Bujalski (o que deve significar alguma coisa mas, como não vi os filmes, não posso dizer qual), com quem dividia apartamento na época da faculdade. Este terceiro álbum, que lembra o Shins até na capa, começa bem (Dimmer e The lion & the teacup são singles decentes), chega perto de algo memorável (Dirt on your new shoes) e, pouco depois, vai se afundando lentamente na própria falta de ambição.
Dear John | Loney, Dear | 6 | Longe da Sub Pop, onde foi formatado para preencher os requisitos de um típico songwriter sueco (sentimental, doce, desesperado pelo seu colo), Emil Svanangen solta-se das amarras nesta estreia na Polyvinyl. Parece até outro homem, mais corajoso (note a forma como ele brinca com elementos eletrônicos já na abertura, a tensa Airport surroundings) e menos frágil. Quer dizer, nem tanto: vide a balada desamparada I was only going out. Há traumas que não se resolvem.
A-Lex | Sepultura | 5.5 | Ao mesmo tempo em que o Sepultura reencontra o foco via inspiração literária (o álbum anterior tomou como referência nada menos que A divina comédia), o disco explicita a tendência da banda a tomar sempre o caminho mais reto. Daí que, apesar de fazer sentido a história de adaptar Laranja mecânica em formato thrash (fúria e violência não faltam a essas faixas), o disco lima toda a complexidade do livro em prol do desespero puro e simples – isso sem contar que ninguém no planeta precisa de um solo de guitarra da Nona Sinfonia de Beethoven.
Lost | The little prince
Uma homenagem de Lost ao livro favorito das candidatas a miss? E comandada por Kate, miss apatia? Minhas expectativas não eram exatamente altas em relação a este episódio. Talvez por isso eu tenha me surpreendido com o resultado, até simpático e tal.
Em meio à avalanche de informações desta quinta temporada, eu andava precisando mesmo de um capítulo desses, que explora relações entre personagens (Jack & Kate, Aaron & Kate, Kate & Sun, Jin & um bando de franceses num bote bacana) enquanto larga uma dezena de pistas mais ou menos desconexas para que os fãs se divirtam até semana que vem.
Pelo menos os roteiristas têm senso de humor. “Time travel’s a bitch”, comentou Sawyer, na frase que resume este início de temporada. E Evangeline Lilly comentou numa entrevista que se também se confunde com essa história de saltos temporais. Ok, não estou sozinho.
Só que, não é por nada não, se insistirem em cenas como aquela em que Sawyer assiste a um evento do passado (e cai numa crise sentimental que ressuscita um antigo triângulo amoroso que… você também não sentia falta?), Damon Lindelof e cia. poderiam convocar logo o Robert Zemeckis para dirigir um dos episódios.
No mais, o que foi aquele resgate de Jin? O homem mais sortudo do planeta Terra ou o quê?
Tudo bem que esta série exige imaginação mais fértil que a do jovem herói do livro de Antoine de Saint-Exupéry. Se é assim, nos concentremos um pouco em algumas das novas pistas: dizem por aí que a palavra “besixdouze”, que aparece numa das cenas, foi o nome escolhido para remeter a um asteróide descoberto em 1993. Em O pequeno príncipe, o personagem principal vive num asteróide chamado B612. Em francês, se pronuncia “besixdouze”. O que pode ter a ver com o feixe de luz que aparece entre as montanhas (e é solenemente desprezado por John Locke).
Mas que também pode não significar nada. Será que as misses têm a resposta?
No mais, os misteriosos números voltam a aparecer, por exemplo, no endereço de Kate: 42 Panorama St. É um detalhe mais interessante que a relação amorosa entre Kate e Jack. De tão arrastada, fica a impressão de que, fora da ilha, a love story tomou uma ducha fria de realidade. Ou seria apenas uma lembrança de que, em matéria de romantismo, Lost soa tão crível quanto um episódio de Gossip girl?
(E narizes sangrando me lembram da época em que cheguei em Brasília. Um inferno. Era toda semana. 12 anos de idade, sangue pra abastecer cinco filmes de zumbis. Tive que cauterizar, e desde então vivo bem, obrigado.)