Dia: janeiro 15, 2009

An eluardian instance | Of Montreal

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E aí, viram o clipe novo do Of Montreal? Pode não ser o melhor que eles já fizeram, mas é o que mais entende a banda. Dirigido por Jesse Ewles, o curta é tão cuidadoso e delicado (e psicodélico) que eu deixaria rodando a tarde inteira aqui na tela do meu computador. Marotamente, Elwes sugere uma interpretação lírica para o esquisito Skeletal lamping que nunca teria passado pela minha cabeça. Um para a lista de melhores do ano. É, já.

To lose my life | White Lies

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whiteliespeqEu sei que deveria encarar To lose my life como uma daquelas típicas estreias imperfeitas porém divertidas, programadas para cumprir as expectativas de uma grande gravadora. Mas o disco rende algo mais interessante: é um sintoma poderoso da crise criativa do rock britânico.

Sim, já que, se o White Lies é uma das maiores apostas inglesas para este início de 2009, então estamos perdidos. É o caso de fechar a fábrica e começar a maquete do zero.

Não é uma banda ruim, nem incompetente, nem irritante, ainda que bastante problemática. O trio, liderado pelo vocalista Harry McVeigh (mais um que tenta cantar igualzinho ao Ian Curtis), não é o primeiro a diluir o pós-punk do final dos anos 1970 em refrãos de rádio-rock. Não será o último.

Mas, e tão pouco depois do Glasvegas, o que incomoda é notar como uma banda iniciante mediana e razoavelmente interessante (e tão derivativa quanto, digamos, o Editors) consegue mobilizar a imprensa britânica. O óbvio ululante merecerá um Mercury Prize?

O primeiro parágrafo da resenha da Pitchfork para o álbum do Glasvegas (leia aqui) sintetiza o problema. Enquanto o rock britânico não deixar de se contentar com muito pouco, teremos que engolir as supostas revoluções de “promessas” como o White Lies.

Hype à parte, To lose my life soa tão frágil e desprovido de personalidade quanto a estreia do The Ting Tings. Uma espécie de Interpol aguado, o trio dilui a desilusão do goth rock num formato pop previsível. Canções como Death e A place to hide têm a estrutura de hit e funcionam à beça (mas, até aí, nada que as diferenciem de um sucesso do Fall Out Boy). Só que não passam de um cruzamento do tom épico do Arcade Fire com as firulas do Tears for Fears.

Mais dolorido é acompanhar os versos agoniadíssimos, que tentam rimar sofrimento com sucesso comercial. Acabam soando inofensivos (pior: não existe verdade nem desespero nessa sessão de terapia), mesmo quando falam sobre suicídio, assassinados e medo de morrer.

“Escrevo minhas memórias com sangue no chão”, ameaça o vocalista, em E.S.T.. Seria mais honesto terminar o verso assim: “, e com elas crio o tema fofo de um seriado teen.” 

Primeiro álbum do White Lies. 10 faixas, com produção de Ed Buller e Max Dingel. Fiction Records/Polydor. 5/10