Dia: janeiro 13, 2009

Bollywood é aqui

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Que mané Slumdog millionaire: Bollywood é com João Emanuel Carneiro.

Admito que, depois de passar bons meses a alguns quilômetros de distância da novela das oito, A favorita me pegou nesta última semana. Guilty pleasure total. Ando conseguindo até manter um diálogo decente com a minha vó. Reparem nesta cena bizarríssima aí em cima: depois de uma intensa sessão de tortura psicológica, Cláudia Raia saca o violão e convida Patrícia Pillar para cantar… a singela Sabiá na gaiola!

Puts. Melhor que Central do Brasil! Melhor que Som Brasil!

Isto é: tensão, suspense, comédia, horror (a afinação de Patrícia Pillar), trash (o conjunto da obra) e um número musical. Tudo em uns três minutos de duração. Duvido que Danny Boyle tenha conseguido algo parecido. E Glória Perez? Não, aí eu passo.

Dance mother | Telepathe

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telepatheNessa altura, é inevitável não criar grandes expectativas em torno de um duo do Brooklyn apadrinhado por Dave Sitek (TV on the Radio), que produz Dance mother. Mas desconfio que esse mesmo hype pode acabar ofuscando o fato de que trata-se, no fim das contas, do retrato de uma banda em formação, ainda sem rosto. Eu não saberia definir o som do Telepathe, e duvido que eles saibam.

Antes que alguém tome essa imaturidade como um problema, vale notar que este ótimo álbum de estreia se beneficia das rápidas transformações e múltiplas personas do grupo, formado por Busy Gangnes e Melissa Livaudais. Cada faixa abre uma nova possibilidade musical, que não é necessariamente aproveitada na canção seguinte. Lembra um pouco o método instintivo de um Gang Gang Dance e do próprio TV on the Radio. Mas o Telepathe é ainda mais generoso nesse espírito colaborativo.

A produção de Sitek, por exemplo, se integra de tal forma ao processo criativo do duo que uma das faixas, Can’t stand it, poderia ter entrado em Dear science (com camadas repetitivas de teclados, percussão e coros tribais). Já In your line é mais pop e econômica que qualquer canção gravada por Sitek – o produtor, percebe-se, sai da experiência também renovado. 

Há alguns elementos recorrentes nas canções do disco: uma eletrônica meio assombrada, circular, que repete linhas curtas de baixo com vocais safados e versos desimportantes, à electroclash (So fine, Chrome’s on it e a excelente Lights go down soam como rascunhos superproduzidos, hesitantes, cheios de vãos). Mas é impossível simplificar essa história: cada canção, mesmo as mais derivativas, sobrevive a inúmeras audições, e acumula força com o tempo.

O que esperamos de primeiros álbuns? A descoberta de uma voz desconhecida, ansiosa por experimentar e se aventurar sem medo de decepcionar os fãs? Dance mother tem tudo isso, e, apesar de soar como uma típica estreia (repare como parece uma compilação prematura de hits), conserva uma atmosfera de mistério que não nos abandona.  

Primeiro álbum do Telepathe. 9 faixas, com produção de Dave Sitek. Iamsound/Social Registry. 8/10