Dia: janeiro 8, 2009

Radio wars | Howling Bells

Postado em

howlingbellsO primeiro álbum do Howling Bells, de 2006, era sombrio, sinuoso e nos deixava sem saber o que esperar de um segundo disco da banda. Pois ele chegou, e soa como uma coletânea de greatest hits à espera do aval das rádios europeias.

Para consolá-los, alerto: não é de todo decepcionante. Melhor: para quem não se arrepia de pânico com bandinhas que jogam francamente para a galera, trata-se de um álbum pop até bem apresentável – talvez o mais redondinho que ouviremos neste início de ano.

 (E aposto que vai pegar muitíssimo bem entre os resenhistas da Billboard, da Entertainment Weekly e de todos os sites/jornais que reclamam de um suposto pedantismo dos fãs de indie rock [me belisco e não é um sonho: hoje em dia quem tenta alinhavar duas ou três ideias sobre discos é tratado como esnobe]). 

Em resumo:  é um álbum su-per-fi-ci-al, amiguinhos. E que parece bem consciente da própria superficialidade, já que sai alegremente copiando e colando elementos do goth rock dos anos 1980 e do brit pop dos anos 1990, tudo diluído nos refrãos doces que o Garbage tenta compôr desde 1998.

Ponto positivo: Juanita Stein, a vocalista deste quarteto australiano, segue com muita firmeza a tradição de femme fatales como Siouxsie Sioux e Shriley Manson. O verniz radiofônico espana um pouco o mistério que havia na voz da moça, mas é o que se espera de uma banda que cresceu abrindo shows do Killers e do Snow Patrol.

Por falar em Killers, Radio wars também se deita à sombra do Queen e do glam rock setentista. A primeira faixa, Treasure hunt, poderia servir de tema de filme de super-heroi (os versos listam os vários ‘poderes’ da banda). Já Cities burning down abre com efeitos de guitarra típicos de um hit do U2.

Se tudo der certo, este álbum lançará o Howling Bells em direção às propagandas de refrigerante e às trilhas sonoras de seriados de tevê. Não é cinismo: é preciso talento para bombear sangue no pop-decalque mais oferecido. Talento eles têm. E eu não ficaria espantado se decidissem elegê-los a atração da temporada.

Contra os riscos de um segundo álbum, Radio wars não mete medo. Só periga não agradar tanto assim a quem esperava deles um pouco mais que um passeio de roda gigante – e é o caso do resmungão aqui.

Segundo álbum do Howling Bells. 10 faixas, com produção de Dan Grech-Marguerat. Independiente Records. 6/10