Dia: dezembro 19, 2008

Marley e eu

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Marley & me, 2008. De David Frankel. Com Owen Wilson, Jennifer Aniston, Eric Dane e Kathleen Turner. 110min. 5/10

Marley e eu conta a história de um jornalista que escreve um livro sobre um cachorro e fica milionário.

Tá, minto, não é tão interessante assim: Marley e eu, o filme-do-Natal, conta a história de um jornalista que adota um labrador, tem filhos,  muda de emprego e compra uma casa nova. E aí labrador… bem, não vou estragar a surpresa.

Não é sempre que encontramos uma produção ao mesmo tempo extremamente comercial e tão disposta a narrar as banalidades do cotidiano. Não li o livro, mas existe algo atípico num lançamento hollywoodiano conduzido por um cachorro burro e desengonçado, quase igual aos outros – sem traços humanos, sem superpoderes, sem frescurinhas de desenho animado. 

Talvez essa mudança de perspectiva explique – pelo menos em parte, vá saber – o sucesso do livro autobiográfico de John Grogan. “O importante é narrar suas experiências, sua vida”, aconselha o chefe de redação, numa cena do filme. Na maior parte dos 13 anos de convívio com Marley, John escreve uma coluna de jornal sobre situações do dia-a-dia. O filme tenta recuperar essa atmosfera de crônica, de conversa informal.

Mas, para uma narrativa tão próxima dos personagens, soa como uma grosseria a forma como ela descreve o ambiente familiar dos Grogan. Parece conto de fadas. Taí um casal que não discute nem quando divide a cama para assistir a programas de tevê. Nas conversas, se expressam como crianças pequenas. E são jornalistas razoavelmente respeitados! O personagem mais plausível da trama é o próprio Marley, que pelo menos suja as patas quando sai para o jardim.

O que o roteiro de Don Roos (O oposto do sexo) e Scott Frank (Minority report) faz é sugerir imagens tão conservadoras quanto os desejos dos personagens – que se contentam com uma vida à comercial de margarina (ou, no caso, à mershandising de ração). A meia hora final, uma patada de sentimentalismo, é quase insuportável. Até eu, que trato o meu labrador como se fosse meu primo, não me deixei levar pela chantagem.

“Quanto mais conheço o homem, mais eu gosto do meu cão”, cantava Ataulfo Alves. Neste filme aqui, o cão parece mais vivo que os homens.

Melhores de 2008 | A lista da Pitchfork

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E até que, no fim das contas, não foi uma surpreeeeesa. A Pitchfork entendeu que 2008 foi mesmo o ano do Fleet Foxes (e não me pergunte como isso aconteceu!) e presenteou a banda de Seattle com o primeiro lugar da lista de 50 melhores discos do ano. Os moleques devem estar se sentindo, como diria minha vó, feito pinto no lixo.

E nenhum susto entre os 10 mais. Quer dizer: TV on the Radio em sexto lugar é brincadeirinha, não?

1. Sun giant EP/Fleet Foxes – Fleet Foxes
2. Third – Portishead
3. Nouns – No Age
4. In ghost colours – Cut Copy
5. Microcastle/Weird era cont. – Deerhunter
6. Dear science – TV on the Radio
7. Vampire Weekend – Vampire Weekend
8. Saturdays=Youth – M83
9. Hercules and Love Affair – Hercules and Love Affair
10. Uproot – DJ/Rupture

E tudo bem, tudo bem: eu vou ouvir com mais cuidado o álbum do M83.