Dia: dezembro 18, 2008

Madagascar 2

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Madagascar: escape 2 Africa, 2008. De Eric Darnell e Tom McGrath. Vozes de Ben Stiller, Chris Rock, David Schwimmer e Sacha Baron Cohen. 89min. 4/10

No ano de Wall-EMadagascar 2 atraiu 800 mil espectadores brasileiros aos cinemas em um período de três dias. Foi a maior abertura do ano. Maior que a de Batman – O cavaleiro das trevas. Até agora, a arrecadação já bateu a casa dos R$ 7,5 milhões. Quase 60 vezes mais que a bilheteria de High school musical 3.

Um fenômeno. Que não consigo compreender.

Talvez isso sirva para aquecer o enésimo debate sobre o descompasso que existe entre o gosto da crítica (que desprezou o primeiro filme da série, fraquinho) e as preferências do público que lota salas de multiplex. Mas isso é bobagem perto do entusiasmo que este filme anda provocando.

Numa sessão lotada, eu testemunhei o caso de delírio coletivo. Na poltrona ao lado, um marmanjo de uns 45 anos chorava de rir. Na poltrona da frente, uma mamãe sensível caiu no choro diante do encontro entre o leão-pai e o leão-filho em plena África.

E eu me perguntando: será que é comigo?

Que existe uma crise criativa no ramo da animação de grandes estúdios, isso nem discuto. A Pixar é uma exceção num cenário de idéias requentadas e submissão burra a novidades tecnológicas. O formato digital acabou padronizando o gênero, que deixou de surpreender o espectador.Comédias como Shrek pareciam mais atrevidas que o X-Tudo servido por Hollywood. Já Madagascar 2, na tentativa de correr atrás do prejuízo, acaba muito semelhante a desenhos da Disney como O rei leão e Tarzan, com aquelas mensagens conservadoras sobre ritos de passagem, ciclos da vida e laços familiares.

Mas isso sou eu. Uma multidão, pelo visto, está satisfeita com o lanche em conserva.

Dizem que é superior ao primeiro, mas não consigo nem comparar direito. São filmes com objetivos diferentes. O anterior era galhofeiro, um besteirol desvairado (nem por isso esperto, porém) onde cabia até uma rave de animais (havia uma referência a ecstasy que chocou papais mais preocupados). Este agora tenta seguir um riscado mais tradicional, mais “família”, com uma narrativa que depende da adaptação do protagonista – o leão – às regras do ambiente onde deveria pertencer.

Se as animações da Dreamworks seguiam um caminho cômico, de nonsense e gozação, Madagascar 2 se rende ao padrão Disney de sentimentalismo tacanho (que volta e meia tira a força das produções da Pixar), da necessidade de passar uma liçãozinha de moral como antídoto para os momentos irresponsáveis da trama.

No fim das contas, não é melhor nem pior – uma outra forma de mediocridade, apenas isso.