Dia: novembro 26, 2008

Festival de Brasília | Vencedores

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fobiavence

Melhor filme (júri oficial): Filmefobia, de Kiko Goifman

Melhor filme (júri popular): À margem do lixo, de Evaldo Mocarzel

Diretor: Geraldo Sarno, Tudo isso me parece um sonho

Ator: Jean-Claude Bernadet, Filmefobia

Atriz e atriz coadjuvante: elenco feminino de Siri-Ará

Prêmio de crítica: Filmefobia

O restante da lista de vencedores está neste link aqui.

Ou seja: os filmes não entusiasmaram, mas os jurados (de longe o destaque da mostra) foram extremamente sensatos ao não se deixar levar pelo oba-oba do público e consagrar os longas mais “difíceis” do festival: Filmefobia, mais odiado que amado, ficou com cinco prêmios (filme, montagem, direção de arte, ator e crítica) e Tudo isso me parece um sonho levou direção e roteiro.

Favoritos da platéia, À margem do lixo e O milagre de Santa Luzia ficaram com, respectivamente, júri popular (e prêmio especial de júri) e trilha sonora.

Foi como se, aos 46 do segundo tempo, o júri tivesse decidido corrigir a rota desenhada pela comissão de seleção dos longas, que privilegiou documentários acadêmicos a criações mais arriscadas. Deram a vitória ao risco, à (tentativa de) invenção.

Para mim, não poderia ter sido melhor. Aliás, até eu, um dos poucos defensores de Filmefobia por aqui, fiquei surpreso com a coragem do júri. Em outras edições do festival, o longa de Goifman talvez teria de se contentar com um prêmio especial. Este ano, a premiação caiu como um manifesto a favor de um cinema que não se deixa amarrar pela função meramente informativa. Por obras um tantinho complexas, enfim.

A equipe do jornal onde trabalho decidiu entregar o Prêmio Saruê (para o melhor momento do festival) a Se nada mais der certo, de José Eduardo Belmonte. Também funcionou como uma alfinetada na seleção dos longas: foi a primeira vez que escolhemos premiar um filme ausente da mostra competitiva.

No mais, a insatisfação com o festival é generalizada e até Vladimir Carvalho, que participou do júri, escreveu um artigo sobre a crise do evento. Num trecho, ele protesta: “O Festival de Brasília envelheceu, esclerosou-se e precisa urgentemente de uma reforma ampla, geral e irrestrita”. No texto, o documentarista chega a criticar o excesso de documentários na competição. “O júri enfrentou sérios problemas porque não havia filmes para premiar nas categorias previstas no regulamento”, contou.

“Uma sombra escura desceu sobre este que já foi o maior e mais importante festival de cinema”, ele lamenta. Está coberto de razão.