Dia: novembro 2, 2008
Aluga-se
Quer uma prova de que nada é perfeito nesta vida? Tente procurar apartamento para alugar.
Estou nesta luta há alguns poucos dias e já desisti de encontrar o que eu quero. Não dá. Não tem. Os arquitetos não planejaram. Deus não quis. Ou tem, mas acabou. Sei lá.
E o que eu quero é tão simples: apartamento de um quarto, não tão caro (até R$ 800, estourando), na Asa Norte ou no Lago Norte, com um quarto suficientemente espaçoso para abrigar a minha cama. Só isso. Descobri que é extremamente complicado encontrar “só isso”.
É pedir demais? No primeiro que visitei, o quarto era tão pequeno que comportava um aparelho de tevê e três sapatos. No segundo, o quarto era mais amplo, mas a cozinha e a sala formavam um cômodo só (tudo indica que paredes estão fora de moda). No terceiro, a cozinha era separada da sala – mas o apê ficava no primeiro andar, logo acima de uma academia de ginástica (e a coisa está tão árdua que provavelmente ficarei com esse aí mesmo).
Quem procura apartamentos de um quarto em Brasília descobre que todos eles estão divididos em quatro faixas de preço: os de R$ 700 (que são minúsculos), os de R$ 800 (os minúsculos da Asa Norte), os de R$ 900 (que vêm com armários na cozinha) e os de R$ 1 mil (que não são para o nosso bico).
Estou tentando me contentar com a idéia de morar num de R$ 700. Um cafofo daqueles que a gente fica com vergonha de mostrar para a própria mãe. Mas com vaga na garagem. Se bem que isso nem importa. Se somarmos o valor aluguel com a taxa de condomínio, as contas de luz e água, alimentação e gastos do dia-a-dia, devo investir mais da metade do meu salário nessa brincadeira. Por isso, nada de restaurantes caros e visitas a megastores. Nada de extrapolar nas passagens aéreas ou de ingressos para shows internacionais.
A partir de agora sou o homem dos eventos com entrada franca e das mostras de cinema no CCBB. Existe um preço que se paga para abandonar a condição de filhinho da mamãe, e não é barato.
Juro que quero ser otimista diante da situação. Mas suspeito que, na minha próxima visita, o apartamento de R$ 700 se revelará um bunker inabitável. Saudades das partidas de Banco imobiliário: “Quero a Rua Augusta. Inteirinha”. Não é fácil.