Diário de SP | Últimos dias
1 | Se a dor de cabeça, o sono e a dor de dente não me derrubarem antes do parágrafo final, aí vai o último post da minha viagem a São Paulo. Torçam para que eu sobreviva.
2 | O fim de semana foi todo dedicado ao Tim Festival – e, acreditem, fiz um bom negócio. Não me arrependo de ter fritado meus neurônios ao sol no show ao ar livre do Sonny Rollins. Não me arrependo de ter trocado Waltz with Bashir por MGMT e… ok, me arrependo profundamente de ter investido os olhos da minha cara no ingresso para o Kanye West. Os cambistas vendiam bilhetes a R$ 20, sabiam disso? Tudo bem que o cinema-360-graus do rapper valia um pouco menos que isso, mas ainda assim. Admito que perdi, playboy.
3 | E alguém me ajude se eu esquecer os momentos mais importantes.
4 | Sonny Rollins | Tim Festival, sábado | ****
Uma performance, em todos os aspectos, infernal. Assistir a um monumento do jazz sob o sol de satã (meio-dia no Parque do Ibirapuera, quer mais?) pode não ser a experiência mais indicada para um fim de semana saudável – e eu ainda sinto uma pontada em minha testa quando fecho os olhos -, mas Rollins hipnotizou roqueiros, madames, criancinhas, ciclistas e poodles com duas horas no paraíso. Goste ou não de jazz – o importante aqui não é isso, mas aquele homem e o que ele é capaz de fazer.
5 | The National | Tim Festival, sábado | ****
Se Sonny Rollins está acima do bem e do mal (e eu me sinto pequeno, muito pequeno diante do sujeito), então o The National fez o melhor show do Tim Festival. Uma banda de verdade – como uma excelente equipe de futebol cujos talentos individuais não ofuscam a performance em conjunto – que preenche o palco com as interpretações mais explosivas para canções intimistas (até Slow show virou uma apoteose). O vocalista Matt Berninger tem a agonia de Thom York e a simpatia de um cantor de banda de bar, daquelas iniciantes. Todas as comparações com o Interpol caíram por terra – para azar do Interpol.
6 | Dan Deacon | Tim Festival, sexta | ***
Não foi um show para o público, mas com o público. Com uma sonoridade à rolo-compressor, mais agressiva que qualquer banda de thrash metal, o DJ se meteu em meio ao público e organizou até um tresloucado concurso de dança. No final da performance – um soco curto, poderoso -, era só chegar perto para apertar as mãos do mestre de cerimônias mais pé-no-chão do festival. Ele é um de nós – só que com uma bizarra, e irresistivel, idéia de diversão. A grande surpresa do Tim Festival.
7 | Gogol Bordello | Tim Festival, sexta | ***
É circense, é exaustivo e sim, soa como uma piada de uma nota só. Mas, valorizado por um show de curta duração, o punk cigano mostrou a que veio: nenhum outro show estremeceu com tanta intensidade a arena do festival.
8 | Junior Boys | Tim Festival, sexta | **
Para derreter o gelo, soul music. Mas, em pouco mais de trinta minutos, o que poderia ter sido um fogoso caso de amor se revelou um flerte não tão fatal.
9 | Klaxons | Tim Festival, quinta | **
Mais rock, menos rave – no palco, o Klaxons livra-se de alguns estigmas para se afirmar como mais uma banda britânica pós-Libertines. É uma boa troca? Talvez não. Acontece que, com versões diretas e eficientes para canções de influência psicodélica, a banda fez um show mais diversificado (e divertido) que o do Arctic Monkeys. O oposto do MGMT.
10 | DJ Yoda | Tim Festival, sexta | **
DJ de mash-ups que mescla canções e vídeos, Yoda ama hip hop e Super Mario Bros. Ao contrário de Kanye West, o parque temático dá certo.
11 | Neon Neon | Tim Festival, quinta | **
Pop com conceito. “Este é um show sobre a vida de John DeLorean”, avisaram. Eu estava entre os que desejaram apenas um show do Super Furry Animals.
12 | Cérebro Eletrônico | Tim Festival, sabado | **
Psicodelia em formato pocket, meio desligada (o baixo não funcionou em boa parte do show) – e com letras às vezes tão, tão engraçadinhas.
13 | DJ Switch | Tim Festival, sexta | *
Tun-tun-tun-tun-tis-tun-tun.
14 | MGMT | Tim Festival, sábado | *
O lado assustador do rock psicodélico: jams que não chegam a lugar algum, confusão conceitual disfarçada de “versatilidade” e clima lisérgico a qualquer custo. Os três hits destoam tanto do restante do show que poderiam ter sido escritos pelo Timbaland. Fiquei com a mesma impressão quando assisti ao Kings of Leon: uma banda imatura com o suporte luxuoso de uma grande gravadora – nada mais.
15 | Já a Mostra… Fui relapso, é verdade, mas taí o fim da história.
16 | Se nada mais der certo | José Eduardo Belmonte | ***
O desfecho da “tetralogia da crise” é o filme em que Belmonte finalmente consolida um olhar escancaradamente emotivo e melancólico que, nos longas anteriores, me parecia um tanto juvenil (tenho que revê-los, principalmente Meu mundo em perigo). Podemos escrever muito sobre o filme, mas adianto que o cineasta conseguiu, como poucos, decifrar a sensação de estranheza de quem tenta se adaptar ao cotidiano de uma grande cidade (e, especificamente, taí um retrato visceral de São Paulo, nada agradável) e, com coragem, filmar a decadência da classe média brasileira na forma de um thriller de roubo (e, ainda que o clímax não funcione com tanto impacto, o importante é o que corre à margem da trama).
17 | Deixe ela entrar | Tomas Alfredson | ***
O início da adolescência é um filme de horror.
18 | E por hoje chega. Até.
outubro 27, 2008 às 4:32 pm
E o Planeta Terra, não vai?
outubro 27, 2008 às 6:49 pm
Vou sim. Mas é só daqui a duas semanas. Volto pra ver Planeta Terra e REM.
outubro 27, 2008 às 10:34 pm
Olá, Tiago!
Meu nome é Pedro Jansen e sou editor do Yahoo! Posts [www.yahoo.com.br/posts], uma editoria do Yahoo! Brasil que filtra e sugere diariamente os melhores posts de um time de mais de 100 blogs em língua portuguesa. Estamos expandindo o nosso número de participantes e o Meu nome não é super 8 foi sugerido e selecionado.
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Cordialmente,
outubro 27, 2008 às 11:11 pm
Aee! Tiagão no Y! Posts!
outubro 27, 2008 às 11:45 pm
Vou descobrir agora o que é isso, haha.