Dia: outubro 14, 2008
Diário de SP | Superoito e a cidade
1 | Primeiro dia de férias em São Paulo. E a cidade está tranqüila.
2 | Quer dizer: parece tranqüila. Assim que saí do hotel, tirei meu relógio e guardei na mochila. Por via das dúvidas.
3 | E seria seguro caminhar à noite até o hotel-duas-estrelas? Sinceramente, não faço idéia. Hoje fiz o teste. Passei por um posto de gasolina, um beco sem iluminação, duas academias de ginástica (bastante suspeitas), doze botecos, três puteiros e quatro ou cinco lan houses. Não sei no que estou me metendo.
4 | Como sempre, a cidade parece maior, mais crescida, desgovernada, um mundo. Há mais pessoas nas ruas? Por uma questão de adaptação ao ambiente, ainda não tentei o metrô.
5 | Encontrei o Diego. Que, como de costume entre os moradores de São Paulo, corria esbaforidamente para resolver problemas urgentes que não ficarão para amanhã. Me dêem dois dias: prometo entrar no ritmo.
6 | Na credencial da Mostra de São Paulo, saí com aquele meu típico olhar de espanto. ‘O que estou fazendo aqui?’, gritava a foto. Nem eu sei.
7 | Meu jet lag emocional: ‘Taí seu sanduíche’, disse a atendente. ‘Mas é de frango?’, perguntei. ‘Não. É de carne’. ‘Mas é de frango?’ ‘Não, meu senhor, é de carne.’ ‘Mas é de frango?’ ‘Não. Carne.’ ‘Então não é de frango?’
8 | Fatal | Isabel Coixet | **
E um filme, pra variar. Ainda não estamos diante de uma grande adaptação de Philip Roth (talvez para ressaltar o texto original, a cineasta se ausenta, se esconde). Mas, apesar de cometer o sacrilégio de transformar um livro tão amargo num melodrama choroso, soa igualmente duro na forma como olha para a velhice – não sai pela tangente, e deixa que Ben Kingsley cuide do resto.
9 | Desatento, descobri ontem que encaixotei todos os meus livros. Todos. De última hora, comprei dois para ler durante a viagem: A zona do desconforto, de Jonathan Franzen, e Em Brasília, 19 horas, de Eugênio Bucci. Estou começando, mas recomendo. Os dois.
10 | E comecei a ouvir o novo do Metallica. Só pra (me) contrariar.