Dia: outubro 5, 2008

Superoito nas eleições municipais

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Em sete tempos:

* Você sabe que está numa cidade do interior quando a praça dá para o prédio dos Correios que dá para a prefeitura que dá para o cartório que dá para a loja de sapato que dá para o boteco que dá para a igreja que dá para a escolinha onde todo o povo vota.

* Você sabe que a cidade do interior é uma zona-bem-mais-que-eleitoral quando o sujeito preso por desrespeito à lei seca pede permissão à delegada para beber ‘só o restinho da garrafa’.

* Você sabe que está num antro da gastronomia quando o melhor restaurante da redondeza é uma churrascaria de beira de estrada que cobra R$ 26,90 por um rodízio que inclui coração de galinha cru e carne com a consistência de um torrone (e a sobremesa não está incluída no nosso precinho, meu senhor).

* Você sabe que ninguém tem mais senso de ridículo quando uma mulher de trinta e poucos anos é presa por crime de boca-de-urna ao colar adesivos enlouquecidamente na camisa de eleitores que caminham na rua. E adesivos ‘de um partido aí, sei lá, não conheço’.

* Você sabe que o ser humano não tem salvação quando, depois de avisado pelo delegado para telefonar ‘por volta das 17h30’, o repórter descobre que a delegacia fecha às 17h.

* Você sabe que não merece respeito quando o funcionário do TRE, depois de ouvir uma longa reclamação desesperançosa pelo péssimo atendimento, desliga o telefone na sua cara.

* Você sabe que é um repórter quando, depois de retornar de uma longa apuração (vermelho feito um pimentão), tudo o que o editor tem a comentar é ‘quarenta e cinco linhas, pode ser?’