Dia: outubro 4, 2008

No meio do caminho havia um post

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Estou de passagem comprada pra São Paulo. Chego à cidade dia 13 de outubro e só saio de lá no final da Mostra de São Paulo. Acompanho o festival de cinema, o Tim Festival e retorno a tempo de pegar o Festival Internacional de Cinema de Brasília (FicBrasília). Depois volto pra ver os shows do Planeta Terra. E vou tentar anotar tudo, tudo, absolutamente tudo neste blog aqui. Vou anotar tanto que vai ter gente desejando que eu nunca tivesse nascido. Vai ser um desperdício de paciência, vou avisando.

(Isso se eu sobreviver à cobertura das eleições municipais. Neguinho sádico me pautou pra narrar o pleito à bangue-bangue de uma cidadezinha sem lei onde ninguém-entra-ninguém-sai, os fracos nunca têm vez e os pobres coitados vivem num eterno pega-pra-capar. Dia desses atiraram num repórter que estava de bobeira tomando sopa num boteco. Vou levar caneta, bloquinho, gravador, laptop e dinheiro pro ladrão. Desejem-me boa sorte).

Enquanto as férias (ah! as férias!) não chegam e enquanto a rapaziada se diverte no Festival do Rio e enquanto me meto nas constantes crises de auto-estima, este blog respira um pouco. Não tenho muito a escrever por enquanto. Foi mal. Perdão. Eu ia bolar um textinho bonachão sobre Noites de tormenta, mas cansei de chutar cachorro morto. Nem vale. É café-com-leite. Entre assistir ao filme com Richard Gere e comprar um exemplar de Sabrina, sugiro que você experimente o novo sorvete do McDonald’s ou arrume trabalho. Sério. Eu só gasto tempo com essas coisas por que tenho que sustentar meus cinco filhos, pagar a babá e o aluguel do apartamento.

Aí tem o filme do David Gordon Green, Snow angels, que é estranhamente friorento mas renderia um texto sisudo e responsável. Um texto rigoroso (e essa é uma “obrigação de todo crítico”, como nos avisou o editorial da Contracampo), um texto espirituoso, um texto sedutor, um texto espertinho. Mas não sei. Às vezes parece que o poço secou. Outro dia pensei em escrever posts mais ou menos como os do Merten, num estilo diarinho. “Acordei hoje cedo, comi um bolo de laranja, peguei um engarrafamento quilométrico e aproveitei para tirar um ronco na cabine” etc. Depois pensei em escrever pílulas de provocação, no esquema “Madonna é a única verdadeira cineasta materialista do cinema contemporâneo”. Mas nem tenho ânimo ou estofo intelectual ou cara-de-pau para esse tipo de discussão.

E pensei em fazer listas de 10 mais. De todos os tempos. Os 10 mais das artes plásticas, da literatura norte-americana, da história da porcelana, da tradição do origami, os 10 jogos de videogame de quando eu tinha dez anos de idade. Os 10 posts rejeitados. Os 10 blogs que nunca visitei (tenho uma certa preguiça de visitar blogs).

Claro que, em algum momento, cogitei exterminar o meu próprio blog, mas aí bateu um arrependimento antecipado. Me peguei pensando em mim mesmo acordando no dia seguinte e pensando “deus, deletei mais um blog! Que tipo de homem deleta tantos blogs?’. Lembrei que havia prometido a mim mesmo que não detonaria este blog. Não este. Pelo menos não antes do dia em que ele completar um ano de existência. Não sei se baterei essa espécie de recorde pessoal. Mas um ano é muito tempo. Um ano é doze meses. Um ano é uma vitória. Um ano é dignidade.

Deve ser ansiedade. Cansaço. Muito trabalho. É que tem as férias. E (o pior) o resto que virá depois das férias. Então paciência. E, aos trancos, sigamos.

PS: A partir de hoje, não uso mais aparelho dentário. Envelheci 15 anos. Mas isso  também quer dizer que deixei de ser um loser?