Como eu festejei o fim do mundo **
Da nova safra romena, vi três filmes: 4 meses, 3 semanas e 2 dias, A leste de Bucareste e agora este. Eles têm uma característica em comum: tratam, de uma forma ou de outra, do período de queda do ditador Ceausescu. Mas, de resto, me surpreendem por outro motivo – são projetos de cinema que mal se comunicam entre eles.
Ainda não consigo assimilar a idéia de um movimento estético de cineastas romenos. Talvez por ter perdido alguns filmes importantes do país, talvez por desatenção. Não sei. Mas não vejo muitos pontos de ligação entre a assumida (e cínica) precariedade de A leste de Bucareste, as cenas asfixiantes de 4 meses, 3 semanas e 2 dias e a opção pela narrativa clássica, pela estrutura típica de um romance de formação, que se nota em Como eu festejei o fim do mundo.
Dos três, o de Catalin Mitulescu é o que me soa mais truncado, mais desajeitado – mas um filme que consegue converter essa falta de jeito em benefício do tema que decidiu explorar. O cineasta acompanha uma adolescente que, como acontece, parece não encontrar conforto nem no próprio corpo. Mas não é um longa muito sobre puberdade, mas sobre como um Estado autoritário provoca agressões diárias no cotidiano das pessoas comuns e instaura um clima de permanente mal-estar. É essa atmosfera que Mitulesco acaba transmitindo, já que os personagens (e o próprio filme) muitas vezes parecem se arrastar, agonizar. Sem perspectivas, eles se esbarram, se maltratam.
Mitulescu tem o tema e os personagens. A faca e o queijo. Só não sabe, na maior parte do tempo, o que fazer com eles. De qualquer forma, intencionalmente ou não, nos faz sentir todo o peso de um país imóvel.
junho 26, 2008 às 4:25 pm
Tb achei um filme muito desencontrado, desajeitado.
junho 26, 2008 às 4:48 pm
Quase tirei umas sonecas, pra dizer a verdade.
setembro 29, 2008 às 1:44 am
sempre achei chatos os filmes com histórias que se passam na 1a ou 2a guerra, mas esse me teve um brilho único… A maneira como eles trataram da “alma” dos seres que vivenciaram aqueles tempos, a maneira como as emoções eram moldadas por aquele tipo de poder, e depois se deixavam escapar por todos, na afetividade dos jovens, em stress nos adultos, esperança e desolação. Mas principalmente o amor do irmão e do rapaz, a maneira como foi elevado à forma de “transcendental”, mesmo em um ambiente assim; amor que reagia e se manifestava, cada um o fazendo de uma maneira especial, e unindo fantasia e realidade dentro de uma pessoa só… tão bonito!
outubro 20, 2008 às 8:06 pm
Da recente trilogia (semelhantes na abordagem da época final do ditador Ceausescu) este é o menos interessante dos três. Não tem a graça de A Leste de Bucareste e nem o realismo impactante de Quatro meses, Três semanas e Dois dias. È apenas razoável e vale somente por mostrar a vida da gente romena em 1989. Com um pouco de desatenção é capaz de se perder todo o roteiro.