Dia: maio 28, 2008

Conceição – Autor bom é autor morto **

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Demorou uma eternidade e alguns dias, mas o filme nacional querido por nove entre dez blogs de cinema do Brasil finalmente estréia esta semana em Brasília. Para mim, fica a sensação de ter chegado por último na festa (o bolo foi cortado e os papéis vagabundos de docinhos estão espalhados por todo canto). O que posso dizer sobre Conceição?

Não vou ficar rasgando elogios, já que outros fizeram esse trabalho com muita elegância. Nem vou pegar no pé, já que os bonequinhos implacáveis estão aí para isso. Na verdade, tudo o que tenho a oferecer a esse debate (que já esfriou faz tempo, parece) é a impressão torta e sincera. Um textinho despretensioso e boboca, daqueles que você encontra em caixas de comentários de blog.

O problema todo, admito, é que eu já gostava muito do filme antes de tê-lo visto pela primeira vez. Isso acontece. Adoro o novo da Lucrécia Martel, por exemplo. O do Pablo Trapero acho muito bom, com algumas pequenas ressalvas. Só que o excesso de expectativa, nesse caso, me atrapalhou bastante. Meu caso com Conceição não é como antes. Não tem como ser. Na tela, este filme é só um filme. Não é a reencarnação universitária e hilariante do cinema de Rogério Sganzerla (mas está longe, muito longe das provocações autoritárias de um Sérgio Bianchi). É um primeiro filme. Uma experiência. Um surto criativo. Um pandemônio. Um ovo fritando. Quase (no bom sentido) uma gag. É esse transe de infinitas intenções, aliás, o que mais me agrada aqui. O filme se deixa levar pelo furacão que ele próprio desperta.

Mas sabe aqueles amores à distância, difíceis, tortuosos? Sabe quando você começa a escrever longas cartas para a pessoa que ama e, no primeiro encontro, se decepciona com a risada desengonçada, o tique inconveniente, a dificuldade de iniciar um diálogo banal? Conceição me deixou um pouco tímido, sem muita reação.

Não me deixou perturbado nem chocado nem nada. Me incomodou, já que os cinco cineastas parecem ter respostas enfáticas para todas as minhas irritações em relação ao filme. As sequências de inspiração trash são às vezes tão óbvias que nem chegam a provocar sorrisos? Era essa a idéia! As brincadeiras com citações cinematográficas são um tanto quanto exibicionistas? Era essa a idéia! Os diversos segmentos espalhados pela narrativa parecem um amontoado de curtas-metragens que não deram certo? Era essa a idéia!

Então tá. Não estou mais apaixonado por Conceição. Mas gosto muito dela. Gosto dela. Da idéia.

Na Paisá

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Esses dois sujeitos enfezados só vão ficar felizes se vocês lerem a atualização de música da Paisá, com comentários do Tiagão aqui para os álbuns do Gnarls Barkley (saiu um texto grandinho e bobinho, com um parágrafo dedicado ao disco anterior deles, St. Elsewhere) e da Santogold (quando escrevi esse, eu estava com sono e febre – suponho que não tenha saído algo muito decente). Recomendo a resenha do Filipe Furtado para The Virginia EP, do The National, que ainda não ganhou alguns parágrafos neste blog fantasmagórico por pura falta de tempo.

Dog day afternoon

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Depois de um dia infernal, dor de cabeça martelando insistentemente, quase 40 graus de febre, mau humor diabólico, birras de menino de quarta série, impulsos auto-destrutivos e impaciência, impaciência, impaciência para lidar com os menores problemas, chego em casa e minha mãe:

“Tiago, tem mel com própolis pra você”

Mães. Não entendem nada. Mas não têm preço.