Dia: maio 26, 2008

Clipe: ‘Flashing lights’ Kanye West

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A outra versão, dirigida pelo Spike Jonze, era mais sangrenta e inconseqüente. Esta aqui, sob comando de Bill Pollock, funciona como um book perverso para a modelo Charlotte Carter-Allen (aliás, desculpem o surto à cafajeste, mas mó gata a mina, meu). Façam o tira-teima por conta própria e, pra variar, desprezem a existência da caixa de comentários do blog. Lacônicos, vocês.

Bananada, primeiro e segundo dias

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Ou: a festa da Mallu.

Depois de muita resistência, tola resistência, dou o braço a torcer: a menina tem carisma. Muito carisma. Impressionante carisma. De longe, o (pocket) show da Mallu Magalhães foi a atração mais concorrida das duas primeiras noites de Bananada, festival de rock independente de Goiânia. Tinha gente se esbofetando para entrar no teatro do Martim Cererê, que esgotou a lotação e ainda deixou uma galera inconsolável do lado de fora (a foto acima, infelizmente, não é do show de sábado – esqueci minha câmera digital, foi mal).

Não era matinê nem nada. Sábado de madrugada, indies a sair pelo ladrão, um exército de bandas de rock setentista, uma inclassificável mistureba (nos palcos) de punk, noise, psicodelia, o diabo a quatro e (na praça de alimentação) de yakosoba com acarajé e churrasco grego. E quem abalou a concorrência? Quem? Quem? Uma menina que, como vocês, amava Dylan e Johnny Cash.

Não seria exagero notar que o Bananada, trincheira do novíssimo rock, gravitou em torno do folk de Mallu. Chamemos de bedroom folk, já que a musa adolescente apresenta canções como quem troca idéias com amiguinhos por Skype. “Essa aqui eu fiz ontem, está muito linda”, ela disse, para delírio dos trintões da platéia. “Olha a pedofilia!”, gritou uma moça bem-humorada, ao notar a aflição dos tiozinhos. No empurra-empurra para entrar no teatro, alguém lembrou até do Rock in Rio 3. Rock in Rio 3? Nem vou fazer esse tipo de comparação (eu não estava no Rock in Rio 3), mas teve garotinha chorando, com falta de ar, presa contra a parede. Mas ninguém saiu com outras feridas além da típica dor de coração partido.

A performance de Mallu durou 30 minutos e foi, oras, fofa. O que vocês esperam de uma guria que canta como uma Joanna Newsom teen e trata o público um tom nada forçado de informalidade? Em cinco minutos, somos todos amigos dela. “Não sei isso não. Deixa eu tocar as minhas músicas, eu preparei tudo”, respondeu ao sujeito espertinho que gritou “Toca Raul”. Mais tarde, no meio de uma das canções (e sejamos sinceros: as canções, por enquanto, pouco interessam), ela fez o som de um solo de guitarra, para deixar claro que “o guitarrista não veio”. Doce, isso.

Quando ela cantou a música do comercial de celular, foi metralhada por flashes de câmeras digitais. Quando se despediu e deixou o palco, os gritos de “mais um” seguiram por uns dez minutos. Em vão. E nem é um show perfeito (longe disso, meus amigos, longe disso). Mas imaginem aí o estrago que essa menina há de provocar em cinco ou seis anos, quando aprender a compôr em português e renovar a nossa caduca MPB com um álbum barroco produzido por Van Dyke Parks e com participação especial do Vanguart?

Eu quero estar aqui pra ver.

Nos primeiros dias de Bananada, não vi outras Mallus Magalhães, mas saí bem impressionado com os shows do Jonas Sá (que tem menos de metro e meio de altura, mas entra no palco e ganha o tamanho de jogador de basquete), a psicodelia sixties do Cérebro Eletrônico, o noise from hell do Abesta (passaria como furiosa instalação de arte contemporânea) e as (con)fusões de rock e axé music dos cariocas Do Amor. Com a proposta de destacar projetos quase sempre ainda verdes, o Bananada permite algo raro em festivais brasileiros: o prazer do primeiro olhar, a chance de acompanhar os passos iniciais de artistas cheios de idéias. O público de Goiânia, generosíssimo, facilita bastante esse processo. Eu recomendo.