Dia: maio 20, 2008
24 city
Cannes pode ter tratado o filme com desdém e o programado em horários esdrúxulos, mas esse comentário do Eduardo Valente me deixou curiosíssimo para ver o novo do Jia Zhang-ke. As fotos que acompanham o texto também abrem o apetite, vejam lá.
‘We started nothing’ The Ting Tings **
A história (ainda curta) do Ting Tings é cruel, cruel, cruel. É amarga, e aqui falamos de típica acidez britânica. Vejamos, em fast-forward: o duo de Salford decolou no final de 2006 como grande promessa, caiu nas graças da imprensa britânica, lançou duas canções elogiadíssimas (Great DJ e That’s not my name), entrou numa cobiçada lista de revelações da New Musical Express, assinou com uma grande gravadora para lançar um dos álbuns ingleses mais aguardados do ano e… e nada. Nada. Nada vezes nada. Ainda não dá para passar atestado de óbito, mas lamento informar que, pelo menos para a crítica, o Ting Tings parece ter morrido na praia.
Na arena pop inglesa, as coisas funcionam assim: live fast and die young, em bom inglês. Nesse caso clínico, que rapidez! Nem nos deram tempo para descobrir a Banda dos Sonhos de 2008. Antes de chegar às lojas gringas, antes de vazar no Soul Seek e entrar nas paradas de sucesso (desbancando Madonna, até), We started nothing já era bombardeado com críticas negativas ou adjetivos pouco entusiasmados. Na NME, nota 6. Na Uncut, duas estrelas em cinco (algo que acontece a cada dez anos na generosa publicação). Na Q, três estrelas. Cadê o grito da torcida?
Os jornalistas refugaram, creio eu, por um motivo bem simples (e cada vez mais freqüente naquela ilha esquisita): indigestão provocada por excesso de expectativas. We started nothing, oras, é um bom primeiro disco. E também um típico primeiro disco. Acontece assim: trata-se de uma banda que, ainda imatura, foi convidada para gravar um álbum. Você recusaria a proposta? Jules De Martino e Katie White não deram para trás. Eles tinham apenas duas grandes canções nas mangas (Great DJ e That’s not my name, novamente elas), mas e daí? O álbum é irregular, ok, mas vocês lembram da época em que primeiros discos soavam quase necessariamente como coleções de singles? E ninguém reclamava?
Não estou aqui para ficar defendendo um álbum de que nem gosto tanto assim. Mas é uma injustiça o que fazem com os simpáticos Ting Tings. Pobres almas. Tadinhos. Se lançado por uma Sub Pop, esta estréia provavelmente teria saído tão divertida quanto a do Cansei de Ser Sexy. Mas, produzida sob supervisão de uma major, acabou soando como uma cópia anêmica e polida do… Cansei de Ser Sexy. Com ecos de B-52s. Cruel.
Vejam bem: se desviar de baladinhas tolas como Traffic light e de brincadeiras vazias como Fruit machine e investir em canções cheias de camadas sobrepostas e refrãos viciantes quanto Great DJ e That’s not my name (elas! De novo!), o duo parece ter um belo caminho pela frente. We started nothing faz jus ao nome, e eu sinceramente acredito que o melhor remédio para esta banda é um chute na bunda. Longe de uma gravadora e com mais liberdade para criar, eles podem pensar em começar algo. Decentemente.
Pulp Indy
Diego, que vez ou outra nos surpreende com notícias da civilização, assistiu ao novo Indiana Jones em São Paulo e enviou um parágrafo bombástico sobre o maior arrasa-quarteirão de todos os tempos desta semana (que foi lançado em Cannes, onde tiraram a foto acima). Diz assim:
Cara, ADOREI Indiana 4. Quanta pulp fiction num filme só, meu Deus! É um daqueles quadrinhos vagabundos dos anos 50 digerido e regurgitado por alguém que sabe filmar aventura e ação como poucos no cinema. Imagina um filme que começa com soviéticos em Roswell, passa por uma explosão nuclear, por lendas de povos pré-colombianos e termina parecendo Contatos imediatos do terceiro grau! Gostei até da superultramegablastercaricata Cate Blanchett. O filme é exatamente a atuação dela. Uma delícia.
U-hú. Onde é que eu compro meu ingresso? Mais comentários do Diego para o superultramegablasterblockbuster neste belo texto aqui.