Dia: abril 22, 2008

‘Hard candy’ Madonna **

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(Agora o blog vai bombar le-gal)

Er. Oi.

Você caiu aqui ao digitar as palavras ‘madonna’, ‘hard’ ou ‘candy’ no Google? Não tem que ter vergonha alguma disso. Meu nome é Tiago, moro em Brasília desde os 12 anos de idade, tenho um problema sério com chocolates (que fazem mal a meu intestino) e vejo alguns filmes de vez em quando. Sou um sujeito que gosta de meter o bedelho em assuntos que não me dizem respeito. Por isso mesmo, se você quiser informações mais detalhadas sobre as palavras ‘madonna’, ‘hard’ ou ‘candy’, por favor, clique aqui, ou aqui. Se preferir puxar uma cadeira e ficar um pouquinho neste modesto site, não reclamarei.

Apresentações feitas, a ressalva: não sou um fã enlouquecido por Madonna, daqueles que arrancam os cabelos para descobrir o e-mail do professor de ioga da moça. Não. Eu nem me qualificaria exatamente como fã (ter visto as fotos do Sex conta?). Vocês detonariam meu blog com um vírus diabólico se eu confessasse que curto apenas dois ou três discos assinados pela mãe da… hmm… não sei o nome da menina, só sei que é um nome esquisito (N.E.: é Lourdes Maria, Tiago). Então não confesso nada. Ela confessa, eu ouço.

Aos fatos: demorei bastante para me interessar pelo álbum anterior e, quando finalmente consegui, Madonna resolveu dar uma outra guinada na carreira. Taí uma mulher que entende o complexo mecanismo do rejuvenescimento no showbusiness. A partir do momento em que ela se assumiu como uma espécie de comentarista do mundo pop (para cada tendências do pop dançante ela parece ter uma resposta na ponta da língua), encontrou o segredo da eterna relevância. Em entrevistas, explicou que o “conceito” de Hard candy é absolutamente simples: ela decidiu convocar os produtores dos álbuns que mais gostava de ouvir. Só isso. E é só isso mesmo.

Acontece que Madonna, nessa pesquisa compulsiva do gosto popular, reparou que as pistas de dança passaram a ser dominadas por elementos de hip hop. E, naturalmente, chegou aos nomes de Timbaland e do Neptunes (representado por Pharrell). Não é a primeira a recorrer ao truque. Antes dela, já havia Nelly Furtado e Kelis. Mas Madonna é Madonna: ela tem o poder de amplificar qualquer modismo num megafone poderosíssimo, e encorpá-lo com discurso supostamente pessoais (mas diga aí, ó fã xiita: nesse quesito, ela também é rainha de lugares-comuns, de sentimentalismo torpe, de romantismo de auto-ajuda etc).

Hard candy pode parecer diferente de tudo o que ela já fez (pelo que lembro, ela não tem outro álbum tão ancorado numa certa tradição do hip hop), mas também é muito igual. Madonna se aproveita dos produtores como uma sedutora viúva-negra, e faz com eles o que bem entende (e eles, felizes da vida, agradecem com faixas boas de verdade). Parece até um projeto surgido de um desejo secreto da musa: bolar uma seqüência para Justified, do Justin Timberlake. Ganhou mais que isso. O que Pharrell e Timbaland fazem não é repetir aquele disco, mas dar continuidade à mescla de black music dos anos 70 com um balancê mais contemporâneo (faixas como Give it 2 me e até 4 minutes olham para frente).

A ode ao pop mais palatável, mais doce, também é notícia velha para Madonna. Há pontos de contato entre este conceito (vago, como sempre) e os de Confessions on a dance floor e Music. E, apesar das ironias de praxe (o álbum contra-ataca, na mesma moeda, a brutalidade masculina do rap), a estratégia comercial do disco cai até bem previsível. Jogue qualquer uma dessas músicas ao lado de qualquer sucesso do Kanye West ou do Timberlake e pronto, vai vender feito pirulito. Mas entenda: não é pirulito de R$ 1,99. Há todo um padrão de qualidade. Por isso retornaremos sempre, feito cachorrinhos, a novos álbuns da Madonna.

Edição histórica

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O quadro da cotações da Contracampo foi atualizado.

Como esse tipo de evento acontece a cada 15 anos, vale uma análise rápida. Na lista de 20 filmes selecionados entre os que estão em cartaz, a revista nos prepara para uma dura realidade: não devemos sair de casa muito animados para assistir aos dez primeiros. Se descontarmos o fato de que os quatro filmes com belas médias já tinham sido exibidos por aqui no final do ano passado, dá para concluir que estamos numa fase de estiagem violentíssima. Vá ao cinema e não me convide.

Ou… Não é que alguém teve a ousadia de dar três estrelinhas pra Juno? Sério? Deus. O rigor foi pros ares, né não?

Quebrando a banca *

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Culpe as luzes de Las Vegas. É por elas que os golpistas ousados caminham atônitos, hipnotizados diante de fachadas de cassinos. Filmes sobre trapaças em Vegas costumam são como peças publicitárias. Eles se darão por satisfeitos quando tiverem manipulado nossos desejos mais primários: dinheiro, sexo e ternos estilosos. As mulheres são quase todas louras e os drinks vêm em várias cores. As luzes estão sempre acesas, e a festa nunca termina.

Quer dizer: não é bem isso. Ao contrário do anúncio de martini, há outros produtos nas gôndolas. Filmes assim empacotam lições de moral (quem muito quer, logo se estrepa), nos aconselham tomar cuidado com as luzes enganadoras da fortuna, e para isso submetem os personagens a uma trajetória inflexível: da lama ao paraíso, e daí ao inferno, depois possivelmente à redenção. Não é o roteiro adotado por todos os filmes sobre trapaceiros em Vegas. Mas acontece com a média. E é na média, na nota 5, na menção MM, que Quebrando a banca se enquadra.

Filmes assim, tão pré-fabricados, deviam ter sempre 70 minutos de duração. Este tem 123. É longo demais, mesmo quando a trama precisa de tempo para desenvolver os altos e baixos de um protagonista cujo perfil psicológico resume-se a uma qualidade: inteligência em abundância. Ele aprende a usar os neurônios para a pilantragem, ganha uma nota preta e aí, meu irmão, você já sabe o que vai rolar.

Robert Luketic, que dirigiu um filmezinho bem simpático chamado Win a date with Ted Hamilton (e também Legalmente loira, que, ahn, é engraçado), entope a trilha sonora com um tipo de pop rock melodioso, agradável e descolado (tem até Young folks jogado ao léu). É um recurso talvez planejado para funcionar como as luzes de Vegas. Nos cega, em alguns momentos. Mas que sirva de alerta amigo: é tudo miragem, esse neon barato.