Dia: abril 20, 2008
‘Arm’s way’ Islands ***
Desta vez, tudo o que o Islands queria era um álbum pop. Este Arm’s way, em alguma extensão, é mesmo isso. Mas, antes que alguém me mande ao quinto dos infernos, vale lembrar daquela regrinha das aulas de Física da oitava série: atenção ao referencial.
No álbum de estréia, o Islands (nascido das cinzas do Unicorns) mesclava muito serelepemente calypso, dancehall, indie rock e canções de ninar num formato que lembrava os discos mais polidos de rock progressivo dos anos 1970. Ufa. E, ei, é um elogio! Era um álbum bastante acessível (as crianças mais descoladas adorariam), mas extremanete estranho dentro de um contexto em que o rock canadense era associado a bandas ruidosas como Wolf Parade, Arcade Fire e Broken Social Scene. Se o referencial é esse, então Arm’s way é quase Britney Spears.
Ou melhor: quase Franz Ferdinand.
Não mais um lindo patinho feio, o Islands trata a sonoridade do álbum anterior (o ótimo Return to the sea) como uma moldura a ser preenchida com cores e, acima de tudo, riffs e mais riffs de guitarra. Existe aqui uma tendência a fórmulas mais convencionais de composição que, ao contrário de um Raconteurs, a banda trabalha com muita disposição, como se metida numa nova aventura. O novo disco, com mixagem de Rob Schnapf (de discos do Elliott Smith), se desdobra mais encorpado, tomado por arranjos de cordas, refrões parrudos, melodias familiares. Pieces of you e Creeper têm jeitão de hits indie. E Kids don’t know shit, com aquela pompa britânica, poderia estar num (bom) disco do Charlatans.
Mas seria uma evolução? Não sei. O anterior é mais inventivo e arejado, mas este agrada bastante por soar como um novo desafio, um novo passo para o Islands – não necessariamente para frente, talvez para cima, mas um passo.