Dia: abril 16, 2008

‘A estrada’ Cormac McCarthy

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Não é o fim do mundo como o conhecemos.

Primeiro: ele não termina num estalo. Se desfaz lentamente, em cinzas e fogo e frio e sangue. Deixa cadáveres no acostamento, cidades abandonadas e famílias partidas. Não sabemos como, mas o pai e o filho caminham por esse ambiente durante uma década. Em busca de comida, arrombam casas vazias. Enfrentam bandos de canibais. Escondem-se na floresta, e lá encontram os rastros de guerras terríveis. E seguem, “cada um o mundo inteiro do outro”.

É essa, esqueleticamente essa, a trama narrada nas 234 páginas de A estrada. De certa forma, um livro de horror. Um filme de George Romero, só que contado com o chocante distanciamento de quem foi ao inferno e voltou. Entendo por que o público norte-americano sempre se manteve afastado da literatura de Cormac McCarthy. Mete medo. As ondas inexplicáveis de violência, que já existiam em faroestes como Onde os velhos não têm vez, devastam tudo o que respira. O mundo, em A estrada, já começa assim: devastado. Antes da primeira linha do primeiro parágrafo. O restante do texto é uma pancada.

Pouparei elogios, já que McCarthy é econômico e conciso – devíamos pensar em limar adjetivos de vez em quando. Mas acho que vocês deviam esquecer os discos e os filmes por alguns minutos e lê-lo a partir deste minuto. Antes que John Hillcoat (diretor da versão para o cinema, que chega no segundo semestre) transforme esta obra-prima num filmeco sobre os últimos homens na Terra. 

Mais Raconteurs (o último, prometo)

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I’d just never thought I’d say it, but: I miss you, Meg White. I miss you.

Resenha muito boa (e muito realista, e muito decepcionada) do álbum do Raconteurs. É do site canadense Cokemachineglow, que funciona muito bem como uma espécie de “Pitchfork do B” (e, numa época em que a Pitchfork rasga elogios até pro Elbow, tá mesmo na hora de buscarmos outras praias).