Jukebox #04

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Vacinado contra febre amarela, vou me aventurar na selva durante o carnaval. Se tudo der certo, voltarei são e salvo, sem ter enfrentado os refrões das escolas de samba do grupo especial. Retorno quarta que vem. Mas, antes que o trem deixe a estação, aí vão mais algumas impressões desencontradas de discos que ouvi por aí. Depois escrevo sobre o do Destroyer, que não vou assassinar com uma opinião prematura. Até mais, não bebam antes de dirigir etc.

goldfrapppeq.jpgSeventh tree, Goldfrapp

Duplinha complicada, essa. Apresentado ao mundo como cria do trip hop (Will Gregory já colaborou com o Portishead), o Goldfrapp já passou por uma metamorfose pop (em Supernatural) e agora tenta um álbum com climões folk e até um quê de brit pop (note a alto-astral Happiness). É tanto penduricalho que a performance de Alison Goldfrapp acaba em segundo plano – e, num mundo obcecado por mulheres-maravilhas do rock, não deixa de ser interessante notar a humildade da moça. Depois de 20 tentativas, Clowns e Little birds começam a soar como algo além de belas paisagens desenhadas na parede.

mgmtpeq.jpgOracular spectacular, MGMT

Hype é aquela coisa – nunca se sabe. Pode ser que este trio de Nova York se transforme na resposta norte-americana ao pop febril do Klaxons. Mas o álbum de estréia não me convenceu em quase nada. Parece até lado B de um disco do Scissor Sisters – e não interprete essa descrição como elogio. Depois do fiasco do segundão do Clap Your Hands Say Yeah, Dave Fridmann está cada vez mais perdido em um tiroteio de referências repetitivas, e aqui ele tenta rebuscar uma sonoridade ainda imatura, apropriação vagabunda (e às vezes divertida) do rock progressivo britânico dos anos 1970. A letra de Time do pretend, superficial e supostamente esperta, é senha pro álbum.

moepeq.jpgSticks and stones, Moe

Peguei a dica na Rolling Stone, e não é que eles estavam certos? Este quinteto era especializado em loooongas e cansativas jams (eles se definem como uma banda de rock progressivo, e levam o rótulo a sério!), mas cansaram da redundância e decidiram gravar um trabalho sem gorduras, simples de doer. Saiu o disco ideal para quem se apaixonou por Sky blue sky, do Wilco. Por simplicidade, entenda canções trabalhadas exaustivamente para deixar impressão de espontaneidade – algo muito difícil de ser feito, e que eles conseguem mais de uma vez (na faixa de abertura, Cathedral, e na balada September, por exemplo).

jackpeq.jpgSleep through the static, Jack Johnson

Há algo mais insosso que Jack Johnson? Só estou escrevendo sobre o ele para encontrar algum sentido no fato de eu ter desperdiçado uns 40 minutos da minha vida na companhia das canções de amor mais genéricas e insípidas. Foi anunciado como um álbum de ruptura, mais ousado e sombrio que os anteriores (se bem que não é nada árduo soar mais ousado que a trilha de Curious George). Não é isso nem aquilo. Tão conservador quanto o público médio de música pop, Johnson tem um medo danado de tentar outras praias. Aí fica aquela pose constrangedora de mostrar a uma platéia pouco exigente que se está evoluindo. Caixote nele.

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