Eu sou a lenda ***
O que faz o último homem do planeta? Joga golfe na asa de um avião de guerra, caça animais silvestres nas ruas vazias de Nova York, assiste aos vídeos de uma locadora abandonada, acena para manequins, decora os diálogos de Shrek, pratica exercícios matinais, arrisca o enésimo karaokê em cima de Three little birds, de Bob Marley. E mata zumbis – já que, caso contrário, este seria um filme de Béla Tarr.
Você diria, com certa razão: os zumbis não são lá muito bem-vindos. Talvez não completamente, eu diria. Eles funcionam como o fator “pé-no-chão” para um filme que, nos primeiros 40 minutos, demonstra muito bem como Hollywood ainda nos deslumbra quando encontra formas inteligentes de usar truques de CGI para deslocar detalhes do nosso mundo a um ambiente de fantasia, de sonho. Não sei por você, mas eu ficaria as duas horas de filme diante daquelas primeiras imagens, em que Will Smith – o último homem do planeta – cumpre atividades banais na companhia de um cachorro-fiel-companheiro (N.E.: Tiago Superoito ficou envergonhado com a observação de foro íntimo, mas o bichão parece muito com o cão dele, Simba) em uma cidade com abundância de tempos mortos.
Will Smith sobreviveu, fazer o quê? Até por falta de opção, ele sai por aí em busca de contato. Transmite uma mensagem em todas as frequências radiofônicas, à espera de que alguém escute e o encontre. À noite, se protege dos zumbis ao ladinho do cão-amigo (perceba que nosso herói solitário não consegue dormir direito) e, de vez em quando, se enfurna em um laboratório para procurar antídoto para o vírus que provocou o apocalipse. O filme se chama Eu sou a lenda, e não à toa: descobriremos que, se a narrativa toda soa meio absurda (três anos de caos e ainda temos água encanada e energia elétrica?), não poderia ter sido diferente. Lendas não obedecem parâmetros realistas, e são moldadas de acordo com os humores de quem as narra.
Pensando bem, este é quase projeto perdido de Shyamalan. Mas sem excessos sentimentais, graças a Jah.
janeiro 21, 2008 às 1:14 am
Hehe seu comentário sobre água encanada do Eu sou a Lenda me lembrou uma cena do Encantada, na qual a princesa acha que o chuveiro é magico…
OBS: deixei esse comentário no lugar errado não?
janeiro 21, 2008 às 1:56 am
Tá no lugar certo, Bruno. Valeu por ter comentado, hehe.
janeiro 21, 2008 às 4:14 am
Acho que o texto não justificou as 3 estrelinhas, mas ok!
Ainda não consegui ver.
janeiro 21, 2008 às 9:17 am
Voltando ao assunto: eu nem estava reparando nesses detalhes do filme (tipo água encanada), mas tinha um casal na fila de poltronas logo atrás de mim que insistentemente, irritantemente comentou todos os supostos “furos” do roteiro durante a sessão. Parecia até jogo dos 7 erros, um inferno.
Diego, não vamos supervalorizar as 3 estrelinhas, ok? Significam “muito bom”, nada além disso. E eu estou arredondando pra cima, este ano. Faz parte da campanha para eu me tornar um sujeito mais agradável, menos ranzinza.
janeiro 24, 2008 às 12:28 am
eu me lembrei dos blocksbusters do ano passado, com 150 minutos cada , sendo que cada um poderia ter uns 90, facilmente. lembrei porque esse poderia ter 150 minutos facilmente, tendo apenas 100.
também gostei bastante das situações iniciais e fiquei com aquele gosto de “quero mais”. mas zumbis em cgi não foi das melhores escolhas.
janeiro 24, 2008 às 1:02 am
Não foi, mas não me irritei com eles. Juro.
agosto 19, 2008 às 10:40 pm
alguém sabe o nome do cachorro no filme?
março 31, 2009 às 11:56 pm
Oi, Tiago.
Eu adorei o filme e pra mim só foi 9,5 por causa do cachorro. Tá, tudo bem… 9,0. Por causa do fim trágico do nosso cientista. Chorei horrores com o cachorrinho. Será se eu sou muito sentimental???
Bruno, o nome do cãozinho do filme é “SAM”.
Abraços…