Garçonete **
Quando vi o cartaz, já pensei: lá vem mais uma comédia romântica a lucrar com o efeito afrodisíaco da gastronomia nos corações, mentes e estômagos de espectadores mais sensíveis (e famintos).
Muito enganado, eu. Se o filme não chega a ser nouvelle cuisine, é daqueles que tentam arejar um gênero surrado com personagens de carne-e-osso. Até o balcão de oferendas saborosas e altamente calóricas – e, se você não sair da sala de exibição com vontade de comer torta de chocolate com morango, provavelmente precisará ir ao médico para uma consulta de emergência – parece ficar em segundo plano, como uma espécie de entradinha para abrir nosso apetite para a trama principal, sobre uma garçonete com o simples desejo de abandonar o marido bruto e a vida modorrenta em uma cidade sem futuro. Como se a premissa de O céu de Suely encontrasse o tom colorido e amigável de Pequena Miss Sunshine – e daí dá para ter uma idéia do sabor de um filme que até parece, mas não é mera tortinha de maçã do McDonald’s.
É filme que eu colocaria pra rodar antes da ceia de Natal. Minha mãe cairia no choro e minha tia provavelmente terminaria o casamento com o tio encrenqueiro. Mas é esse o espírito. Por falar nisso, antes que seja tarde, Feliz Natal!