Dia: dezembro 22, 2007

Retrô 2007: melhores filmes

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Quando me vi diante dos mais de 300 filmes que conferi este ano e tentei tirar dali um resumão de grandes momentos, terminei com uma lista de cerca de 20 longas – um número pode parecer até expressivo, mas que (e eu sei disso melhor que ninguém) acaba se repetindo sempre. A diferença é que, em 2007, a quantidade de lançamentos excelentes – aqueles que superam as nossas melhores expectativas – ficou muito acima da média. O balanço impressiona: quase todo o meu Top 10 é de filmes obrigatórios, que receberam cotação máxima deste sujeito ranzina que vos escreve.

Antes do desfile dos campeões, lembro que só entram na lista os filmes lançados no circuito brasileiro durante o ano de 2007. E, por tudo o que as mostras anteciparam, já dá para ter uma idéia de que 2008 será um ano talvez tão interessante quanto. Aguardemos.

MELHORES FILMES DE 2007

1. Império dos sonhos, de David Lynch

Dos porões de Los Angeles, das entranhas de Hollywood, do pesadelo mais desagradável: solto de qualquer amarra, como quem entrega um presente a si mesmo, Lynch filma a agonia.

2. Jogo de cena, de Eduardo Coutinho

O cinema de Coutinho caminhou para chegar até aqui. Como mais uma coleção de histórias bem narradas, é fascinante. Como ensaio sobre a encenação, obra-prima.

3. Lady Chatterley, de Pascale Ferran

O corpo descoberto, pronto para redescobrir o mundo.

4. Zodíaco, de David Fincher

Porta-voz da América dos obsessivos, Fincher se olha no espelho e permite que nos olhemos também. Não é mais um filme de serial killer.

5. Em busca da vida, de Jia Zhang-Ke

O país e as pessoas: movimento lento e perpétuo, destino desconhecido.

6. Medos privados em lugares públicos, de Alain Resnais

Corações sob a neve.

7. Maria, de Abel Ferrara

Desde A última noite, o grande filme sobre uma América esvaziada, presa no vão da crise.

8. Cartas de Iwo Jima, de Clint Eastwood

A guerra do outro.

9. O hospedeiro, de Bong Joon-Ho

Num mundo perfeito, o maior blockbuster de 2007.

10. Cão sem dono, de Beto Brant e Renato Ciasca

Da literatura, o projeto arquitetônico. No cinema, a construção.

Menções honrosas: A espiã, de Paul Verhoeven, Ratatouille, de Brad Bird, e Tropa de elite, de José Padilha

Na Holanda, Verhoeven encontrou a liberdade para entregar-se ao espetáculo mais envenenado. Nas veias do império hollywoodiano, Brad Bird injeta uma bela fábula sobre o processo criativo. Já Tropa de elite, com um interessante jogo de pontos de vista, é mais que um fenômeno pop. A cada um, seu cinema.

A retrospectiva de 2007 termina aqui. Agora que cabou a festa, voltamos à programação normal.