Dia: dezembro 20, 2007
Retrô 2007: melhores álbuns
Fechar uma lista de dez álbuns em um ano de lançamentos tão surpreendentemente bons não é a mais tranquila das tarefas. Se eu pudesse fazer algum tipo de mutreta, incluiria pelo menos outros quatro no meu Top 10. Por isso, não deixem de valorizar o catatau de discos listados logo abaixo da seleção de favoritos – todos eles merecem carinho e atenção.
MELHORES ÁLBUNS DE 2007
1. Sound of silver, LCD Soundsystem
Agora que todo mundo já notou que este é o crossover mais saboroso entre rock e eletrônica que ouvimos em muitos anos, podemos ir ao coração da história?Mais impressionante que o laboratório formal de James Murphy é como nosso DJ preferido contamina a máquina com poesia franca, sangrenta. Há outro álbum de dance music tão dedicado à crônica das responsabilidades e decepções da vida de adulto? Se há, este aqui certamente é mais comovente.
2. Hissing fauna, are you the destroyer? e Icons, abstract thee, Of Montreal
When someone great is gone.
3. Kala, M.I.A.
Como compor a trilha sonora de um mundo de fronteiras borradas, identidades confusas, conflitos globalizados? Aprendemos a receita com M.I.A., a única capaz de integrar o caos contemporâneo em formato de world music vibrante, capaz de transitar pelo planeta sem vergonha ou passaporte. Soa como o álbum mais despretensioso do ano. No fundo, é o mais ambicioso – e, o tempo dirá, talvez o mais importante.
4. Strawberry jam, Animal Collective
Não há mais como lembrar da época em que o Animal Collective caía de amores pelo folk mais prosaico, despedaçado em belas invencionices de estúdio. Aqui, eles são areia de deserto. Duros na sonoridade, que parece produzida por uma indústria metalúrgica. Furiosos no discurso, que dispara refrões confessionais com a angústia de quem nunca mais terá algo a dizer. Isto é indie rock.
5. In rainbows, Radiohead
Já pela corajosa estratégia de marketing, mereceria um espaço nesta lista – e, de Ok Computer a Kid A, a arte do Radiohead também sempre se dedicou a envenenar os esquemas comerciais de corporações e inimigos afins. Surpresa em igual tamanho: você pode até não ter entendido a razão do título, mas In rainbows não quer te combater. É o álbum mais direto e sensual da banda, um estranho aviso pacífico ao mundo – ‘apesar de tudo, estamos com vocês’.
6. Andorra, Caribou
Summer is ready when you are.
7. GaGaGaGaGa, Spoon
Menos é mais? Que nada. O Spoon é uma das bandas mais sofisticadas, mais cerebrais em atividade. Que culpa eles têm de serem apaixonados por música pop?
8. Person pitch, Panda Bear
Um álbum criado de forma tão modesta – com a demorada, preguiçosa, informal colagem de samplers em um laptop – que deixa a impressão de um hobby esquisito capturado em formato de disco. E um disco tão otimista e descompromissado que provavelmente levaria Brian Wilson às lágrimas.
9. Night falls over Kortedala, Jens Lekman
Bedroom rock é o novo hype, mas o álbum de Lekman provoca estranhamento por nunca soar como um trabalho caseiro. Os samplers são cristalinos, a poesia é enxuta, as referências nunca parecem exageradas. Depois de repetidas audições, a caixinha de música se transforma em uma belíssima viagem ao redor do quarto. O mundo fica para depois.
10. Boxer, The National, e Friend opportunity, Deerhoof
Eu tentei, juro que tentei. Enquanto vocês fazem de conta que há 10 álbuns no meu Top 10, eu fico aqui, debaixo da chuva, com as sombrias canções de amor do National num lado do headphone e o rock-pré-escolar do Deerhoof do outro. Não me peçam para escolher.
E mais: †, Justice; American gangster, Jay-Z; Challengers, The New Pornographers; Everybody, The Sea and Cake; The flying club cup, Beirut; Fourteen autumns and fifteen winters, The Twilight Sad; It’s a bit complicated, Art Brut; Let’s stay friends, Les Savy Fav; Liars, Liars; Myths of the near future, Klaxons; Mirrored, Battles; New wave, Against Me!; Release the stars, Rufus Wainwright; Spirit if, Kevin Drew; Vanguart, Vanguart; We were dead before the ship even sank, Modest Mouse; White chalk, PJ Harvey; Widow city, The Fiery Furnaces; Wincing the night away, The Shins.