Dia: dezembro 19, 2007

Retrô 2007: melhores músicas

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Chegou a hora, a hora chegou. Não sei se vocês esperam por isso, mas eu sim. Entra ano, sai ano, nasce blog, morre blog, e o costume de criar listinhas de melhores mantém-se firme, incontornável – pelo menos por aqui. A partir de hoje, caso você se revele uma pessoa paciente e persistente, encontrará a cada dia uma lista de melhores de 2007 aqui neste modestíssimo porão virtual -e aí entram discos e filmes, para facilitar o processo.

Como sempre, não estou aí para a tentativa de uma retrospectiva abrangente e generosa e múltipla e diversificada e… vocês entenderam. Tudo o que tenho a oferecer é minhas melhores lembranças do ano em que os filmes e os discos voltaram a ocupar – quase sem querer, e não posso dizer que eu me orgulhe muito disso – um papel meio que central na minha vida.

Sem mais parágrafos introdutórios. Vamos aos meus favoritos, antes que o ano acabe e ninguém se importe mais com isso.

MELHORES MÚSICAS DE 2007

1. No conclusion, Of Montreal

I’m killing myself
But it’s not suicide
I’m killing myself

As canções mais ambiciosas nem sempre são as melhores. Mas, apesar de ter me aproximado com muito receio dessa suíte-super-luxo do Of Montreal (9 minutos? Três músicas em uma?), ainda me assombro com a coragem de alguém capaz de terminar uma música com a constatação de que, apesar de ter feito o possível para resolver a questão mais importante de todas, não existe mais solução. It’s hopeless, e os acordes são engolidos pelo arranjo de cordas mais violentamente triste do mundo.

2. Someone great, LCD Soundsystem

And it keeps coming
And it keeps coming
And it keeps coming
Til the day it stops

No centro de um álbum de música eletrônica e pós-punk, a doce e dolorida crônica da perda – da saudade e do vazio que continuam voltando até o dia em que páram.

3. Irene, Caribou

You should know better anyway
The way that you say
You’ll never go away

Começa como eletrônica à algodão-doce, termina como um delírio de amor romântico. O entardecer de um belo álbum de verão.

4. For reverend Green, Animal Collective

Now I think it’s alright to feel inhuman
Now I think that’s a riot, oh yeah
Now I think it’s alright to sing together
Now I think that’s a riot, oh yeah

É ok cantar junto, oh yeah. Mas de onde vem toda essa agoniaaaaaa?

5. Weird fishes/Arpeggi, Radiohead

I’ll hit the bottom
Hit the bottom and escape

Depois de ser devorado por vermes e peixes estranhos, Thom Yorke atinge o fundo do poço e escapa. Há esperança.

6. D.A.N.C.E., Justice

The way you move is a mystery
You’re always there for music and me

Uma homenagem ao Michael Jackson, mas tente ouvir sem essa referência: se transforma numa ode sincera, juvenil à dance music. Tudo o que precisamos.

7. A postcard to Nina, Jens Lekman

Don’t let anyone stand in your way

Na tradição de Smiths, Belle and Sebastian e Magnetic Fields, uma canção de amor para cínicos.

8. Stronger, Kanye West (com Daft Punk)

Don’t act like I never told ya!

Há tempos alguém nos devia a tradução do Daft Punk para o mainstream. Qualquer pessoa. Kanye West? Desejos atendidos, e da melhor forma possível.

9. Turn on me, The Shins

You had to know that I was fond of you
Fond of Y-O-U

No ano em que o Shins abriu asas e voou, ainda nos apegamos à absoluta simplicidade do passado. Somos uns nostálgicos.

10. The perfect me, Deerhoof

Meet me, meet me
Meet the perfect me

Na abertura do álbum mais direto e divertido de uma discografia inclassificável, o Deerhoof dispara o rojão. Perfeitos, eles.

E mais: All my friends, LCD Soundsystem; Archangel, Burial; Atlas, Battles; Bros, Panda Bear; Either way, Wilco; From nothing to nowhere, Pinback; Golden skans, Klaxons; Is there a ghost?, Band of Horses; Jimmy, M.I.A; Keep the car running, Arcade Fire; Kiss kiss is getting old, Les Savy Fav; Long walk home, Bruce Springsteen; On call, Kings of Leon; 1 2 3 4, Feist; Roc boys, Jay-Z; Sci-fi kid, Blitzen Trappen; Slideshow, Rufus Wainwright; You got yr cherry bomb, Spoon.