Dia: dezembro 8, 2007
FicBrasília, oitavo dia + 1
VIOLÊNCIA EM FAMÍLIA °
Em todo lugar, subúrbios são infernais – tentativas de emular John Waters, idem.
ANGEL **
O comentário generalizado à saída do cinema era “cadê Ozon?” – e, até certo ponto, não entendo de onde vem essa dúvida. O diretor se faz muito presente nesta adaptação de um romance dos anos 1950 que satirizava os intensos melodramas dos anos 1930 e 1940. É um tom que cabe muito bem num cinema obcecado pelo pastiche, mas vale notar que – apesar das afetações de sempre – Ozon não se limita ao decalque bem-humorado. A protagonista – uma escritora mediocre que faz sucesso com best sellers – é tratada não como caricatura, mas como uma mulher determinada e ingênua que criou um mundo de fantasias para habitar. Ozon se interessa pela determinação, e não exatamente pelo talento dessa celebridade. O filme, por fim, é a ilustração do rosado álbum de delírios da escritora.
+ 1
CONDUTA DE RISCO **
Aí está a forma mais complicada e modorrenta de narrar a trama mais simples. Agora, tente esquecer um pouco a trama (que caberia em meia hora de Law and order). No original, o filme se chama Michael Clayton, e o que tem de mais interessante está bem aí: no perfil de um homem em crise profissional, desesperado por encontrar um bom motivo para mandar tudo às favas. Claro que, no manual de conduta dos escritórios de advocacia, essa transição íntima será operada como uma explosão silenciosa, invisível. O filme pode até confundir austeridade com frieza, mas pelo menos guarda uma recompensa: em um longo e belo plano final.