Dia: dezembro 7, 2007

FicBrasília, sétimo dia

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Estava bom demais para ser verdade. 

SKETCHES OF FRANK GEHRY *

Ainda nos 15 primeiros minutos de filme, Sydney Pollack admite não ser a pessoa mais adequada para dirigir um longa sobre o arquiteto Frank Gehry. Não é modéstia, já que há dois bons motivos para nos preocuparmos com o resultado: 1. Pollack não tem muita experiência com documentários, e nunca demonstrou interesse pelo formato, e 2. Pollack e Gehry são amigos. São limitações que podem ser identificadas na tela e não para o bem, já que o filme contenta-se com um perfil simplório (Pollack fica na superfície de todas as informações) e, para piorar, com pinta de homenagem deslavada (afinal, trata-se de um bate-papo entre dois amigos). Nos melhores momentos, os dois superstars dividem impressões sobre a dificuldade de fazer arte nas brechas do mercado. Agora, sério: qual foi a última vez em que Pollack (último filme: A intérprete) colocou verdadeiramente essa idéia em prática? Não agora, por exemplo.

A ERA DA INOCÊNCIA *

Denys Arcand anuncia este filme como o desfecho da suposta trilogia iniciada com O declínio do império americano e prolongada em As invasões bárbaras. Mas soa é como uma diluição cômica dos temas desse último longa. Novamente, o diretor fotografa o homem massacrado pela ineficiência das instituições, pela vigilância da patrulha do politicamente correto, pela proximidade da morte. O cidadão sexualmente castrado, que mal consegue esboçar reação contra a mediocridade alheia (em Arcand, o problema está sempre no outro). É uma espécie de Beleza americana para a classe média canadense, só que (como esperamos de Arcand) totalmente descrente no ser humano – a trama, aliás, fecha com o close num quadro de natureza morta. Antes de entregar tudo ao deus-dará, o diretor arrisca algumas piadas estranhas, como quando o personagem visita uma seita de adoradores de O senhor dos anéis (à Beto Carrero World) – e investe em delírios bizarros que incluem um Rufus Wainwright pagando mico em trajes de baile de carnaval. Não estou brincando.